Translater

segunda-feira, 27 de outubro de 2025

O ruído nas palavras [639]

 


Os outros não apreciam as nossas palavras

com os ouvidos com que nos escutamos ao afirmá-las.

Quando nos escutamos,

até o ouvido interior com que nos escutamos

não ouve o mesmo que os ouvidos externos.

Se nos enganamos, escutando-nos,

logo nos podemos questionar

como é que alguém nos entenderá.

O prazer de se sentir percebido, é impossível

a quem não se quer e/ou não se é percebido,

coisa que muito sobrevém aos complicados

e, por isso, incompreendidos.

Os inteligíveis, poucos são,

aqueles cuja mensagem é a mesma

no emissor e no recetor, sem ruídos,

esses nem precisam de ter o receio

de não serem compreendidos,

esquecendo os duros de ouvido.

E, assim, nunca saberemos,

só podemos imaginar,

de quantas desconchavadas ideias

é construída a perceção

que os outros têm de nós pelo que dizemos.

 

 

© Jaime Portela, Outubro de 2025


14 comentários:

chica disse...

Lindo poema e realmente nem sempre as palavras chegam aos ouvidos dos outros com a voz e entido que as queremos dar... abraços praianos, chica

Roselia Bezerra disse...

Olá, amigo Jaime!
Que poema inteligente!
Quando os ouvidos interagem de forma em uníssono, tudo corre às mil maravilhas.
Gostei muito.
Tenha uma nova semana abençoada!
Abraços fraternos

Daniela Silva disse...

As tuas palavras soam como ecos de um silêncio inquieto, onde o ruído é também sentimento e verdade. A forma como transformas o som em poesia é simplesmente arrebatadora ✨

Com carinho,
Daniela Silva 💗
alma-leveblog.blogspot.com — convido-te a visitar o meu cantinho 🌷

friulisulblog2 disse...

poesia molto bella-

Arthur Claro disse...

Linda poesia.

Arthur Claro
http://www.arthur-claro.blogspot.com

São disse...

Um dos teus melhores poemas, esta tua reflexão sobre a comunicação entre quem diz e quem ouve.

Meu caro amigo, te abraço, bom resto de Outubro.

Graça Pires disse...

Uma coisa é aquilo que se diz, outra coisa é aquilo que se ouve. E por estranho que pareça nem sempre é coincidente. A comunicação nem sempre é fácil. Muito boa este reflexão.
Uma boa semana.
Um beijo.

Marta Vinhais disse...

A forma de comunicar nem sempre é clara...porque não ouvimos completamente.... às vezes, apenas ouvimos o que nos interessa...
Interessante....
Beijos e abraços
Marta

silvia de angelis disse...

Una riflessione profonda sull’impossibilità della comunicazione perfetta, dove l’ascolto interiore e quello esterno si confondono, generando inevitabili distorsioni nel modo in cui veniamo compresi e percepiti dagli altri.
Buona settimana

Malania Nashki disse...

Nuestras palabras pueden ser comprendidas de diferentes maneras, sobre todo si el receptor las analiza desde su punto de vista egoísta, por ejemplo. Otras veces se escuchan a medias, y es ahí que si son repetidas por otra persona, el mensaje puede salir diferente. En fin...lo ideal es hablar con sencillez, o escribir con la puntuación correcta, para que no se preste a confusión y malas interpretaciones.
Me has hecho pensar.
Que tengas un hermoso día.
Abrazo enorme.

Mário Margaride disse...

É difícil entrar nos ouvidos surdos, que não ouvem ou não querem ouvir.
Excelente poema,amigo Jaime.
Gostei bastante

Abraço e boa semana.

Mário Margaride

AMALIA disse...

Magnífico poema!!.
Te deseo una semana llena de felicidad.
Un abrazo.

ematejoca disse...

O poema reflete sobre a complexidade da comunicação humana: o desafio de ser entendido e a distância entre o que dizemos, o que ouvimos em nós mesmos e o que os outros recebem. Algumas linhas-chave: O ouvido interno vs. o ouvido externo: há uma barreira entre a nossa intenção ao falar e a percepção que os outros têm de nós, bem como entre o nosso autoconhecimento e a recepção alheia. Autocorreção e dúvida: quando nos enganamos ao nos ouvir, surgem dúvidas sobre se seremos realmente entendidos, o que gera ansiedade e insegurança. O sabor da sensação de ser entendido: o prazer de ser correspondido na percepção só existe quando há disposição de quem se comunica e de quem recebe; caso contrário, nos sentimos incompreendidos. A percepção alheia é construída por ruídos, falhas e interpretações imperfeitas; o que é “inteligível” para poucos é justamente essa coincidência entre emissor e receptor. Invisibilidade dos “duros de ouvido”: alguns optam por não ouvir com rigor ou preconceitos, dificultando a comunicação.

Una verdade melancólica: nunca saberemos plenamente como somos entendidos pelos outros; só resta imaginar.

Abraço amigo, desejando-lhe uma noite tranquila 😘

Adriana Helena disse...

Que sapiência amigo Jaime, é sempre muito inteligente em seus poemas. Eles são feitos para quem consegue compreender, assim como as palavras que são emitidas para quem realmente quer ouvir.
Gratíssima por mais essa grande obra!!
Abraços e uma semana muito especial, bom final de Outubro!!