Se moras nos subúrbios da vida
e sonhas na floresta das tuas fantasias,
ao teu remanso verde,
por certo imaturo,
nem os rumores dos teus gestos se mostram.
Se repousas nos teus sonhos
como se fossem searas imensas,
dos cálices da tua renúncia
apenas ingeres o choro de falsa viuvez
e nem vês os comboios que passam por ti.
Então, os dias claros,
o céu limpo sem nuvens
e o piano que espera as tuas mãos,
num bucolismo ausente do som
do alvoroço polifónico da vida,
têm o paladar insípido do que não possuis.
E tudo não passa
de uma flauta mágica, mas silenciosa,
por onde passas repetidamente
a indiferença da pele a caminho do nada.
© Jaime Portela, Outubro de 2025
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