Somos invisíveis,
vemo-nos sem nos vermos uns aos outros.
E, se nos vemos,
por mas parecido que seja com os originais
verdadeiros,
vemos outros seres.
Naufragamos nas palavras dos outros,
os outros nas nossas
e sofremos de uma incurável surdez da alma.
E, não raramente,
dormimos no enfado da satisfação
que os outros semeiam por palavras.
Não falando da voz dos regatos,
das árvores e de outros burburinhos alheios,
onde tudo é um nevoeiro
que escorre condensado
nas janelas da nossa invisibilidade.
© Jaime Portela, Novembro de 2025
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