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segunda-feira, 10 de novembro de 2025

Invisíveis [641]

 


Somos invisíveis,

vemo-nos sem nos vermos uns aos outros.

E, se nos vemos,

por mas parecido que seja com os originais verdadeiros,

vemos outros seres.

Naufragamos nas palavras dos outros,

os outros nas nossas

e sofremos de uma incurável surdez da alma.

E, não raramente,

dormimos no enfado da satisfação

que os outros semeiam por palavras.

Não falando da voz dos regatos,

das árvores e de outros burburinhos alheios,

onde tudo é um nevoeiro

que escorre condensado

nas janelas da nossa invisibilidade.

 

 

© Jaime Portela, Novembro de 2025


42 comentários:

olga.t disse...

buona settimana!

Sonya Azevedo disse...

Magnífica invisibilidade que aguça os sentidos da alma e faz aflorar o que de mais belo há em nós: a poesia! Luz e paz. Uma ótima semana.

chica disse...

Cada vez mais a invisibilidade aparece no mundo e há quem a viva sempre...Para ninguém aparece! abraços, linda semana, chica

Eduardo Medeiros disse...

Esse naufragar nas palavras dos outros me trouxe à lembrança a balbúrdia de vozes que hoje estão nas redes sociais, degladiando-se umas contra as outras em busca da "melhor narrativa" e muitas vezes as vozes acabam se anulando e o que resta é a invisibilidade num mar de algorítimos.

Grande poema, Jaime.

Jovem Jornalista disse...

Belas e incríveis palavras.

Boa semana!

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Até mais, Emerson Garcia

Cláudia disse...

Gostei. Hoje em dia já ninguém vê ninguém, anda tudo perdido em pensamentos próprios.

Boa semana

São disse...

Gostei imenso deste teu poema.

Sim , demasiadas vezes, as pessoas estão encerradas sobre si e cada vez mais o diálogo é escasso.

Meu amigo, te abraço, boa semana.

Graça Pires disse...

É verdade Jaime sofremos de uma incurável surdez da alma. Não nos vemos uns aos outros. Ignoramos quem sofre. E há tanta gente a sofrer e em permanente solidão. Muito inspirado este poema, meu Amigo.
Uma boa semana.
Um beijo.

Marta Vinhais disse...

Engraçado: estava a pensar no mesmo... porque é como me sinto invisível...ninguém escuta verdadeiramente...
Beijos e abraços
Marta

Teresa Isabel SIlva disse...

Mais uma vez, os meus aplausos pelas belas e assertivas palavras!

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Bjxxx,
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silvia de angelis disse...

Versi intensi che riflettono sull’alienazione contemporanea, dove l’invisibilità interiore e la perdita d’ascolto dissolvono i legami autentici con gli altri e con la natura.
Buona settimana

Roselia Bezerra disse...

Olá, amigo Jaime!
Uma loucura que, em breve, se vai ver o resultado... aliás, já estamos vendo...
Tenha uma nova semana abençoada!
Abraços fraternos

brancas nuvens negras disse...

"As pessoas não falam sobre os assuntos, falam umas contra as outras". Disse Gábor Trompa dramaturgo romeno-hungaro.
Boa semana.
Um abraço.

AMALIA disse...

Inmenso y magnífico poema!.
Feliz semana.
Un abrazo.

stella disse...

¡Que pena tener que admitir que es real! nos hacemos invisibles unos a otros y deambulamos de acá para allá sin cambiar nada..
Me ha gustado leerte Jaime
Un abrazo

Bandys disse...

Olá querido, Jaime
Você sempre tão lucido e verdadeiro nos poemas. Hoje há uma invisibilidade gritante e um silencio ensurdecedor.
Que bom que temos poesias para desperta o melhor em nos.
E enquanto houver vida nesse meu corpo físico, mental e espiritual serei paz, serei amor..
Feliz dia
beijos meus

Adriana Helena disse...

Oi Jaime, que perfeição de poesia, realmente nos sentimentos em mar aberto, onde somos totalmente invisíveis..
A forma como faz os versos é impactante, será que na era da tecnologia criamos monstros que não se importam com o sofrimento alheio? Creio que estejamos caminhando pra isso ou já chegamos lá, infelizmente...
Parabéns amigo, mais uma Grande obra...
E aproveito para desejar uma ótima semana!! :))))

Lucimar da Silva Moreira disse...

A invisibilidade está cada dia mais presente entre nós, Jaime feliz semana abraços.

Lucia disse...

Olá caro Jaime.
Quanta verdade leio no seu poema, meu amigo poeta.
Isso é real e também acontece no virtual.
Muito bom!
Boa semana pra você.
Beijo!

J.P. Alexander disse...

Profundo poema. Te mando un beso.

Silent Movie - ©Theda Bara disse...

With the aging of the world's population, it seems that our elderly are becoming increasingly invisible, and that's unfortunate.
(ꈍᴗꈍ) Poetic and cinematic greetings.
💋Kisses💋

Pedro Coimbra disse...

As novas tecnologias ajudam muito neste processo.
Abraço, boa semana

TORO SALVAJE disse...

Así es.
Vamos de mal en peor.
Despojos de lo que fuimos.

Saludos.

Emília Simões disse...

Bom dia Jaime,
Excelente poema que espelha bem a realidade!
Anda tudo surdo, tudo cego, num tempo em que domina o ego de alguns, que só se ouvem e vêem a si próprios, enquanto os outros andam à sua mercê.
Beijinhos, amigo, e um ótimo dia.
Emília

ematejoca disse...

O poeta aborda a invisibilidade humana: como nos vemos sem nos vermos verdadeiramente, e quando nos vemos, vemos apenas cópias, não os seres reais. A passagem “Naufragamos nas palavras dos outros” sugere que nos perdemos na comunicação alheia, e que também os outros se perdem em nós. A ideia de “incurável surdez da alma” aponta para uma falha profunda de compreensão e empatia. Imagens poéticas fortes: “nevoeiro que escorre condensado nas janelas da nossa invisibilidade”: visual poderoso de barreiras entre interioridade e mundo exterior. Contraste entre o mundo falado e o que não pode ser expresso por palavras.

Conclusão: leio o poema como uma denúncia da superficialidade social e, ao mesmo tempo, como um convite à escuta mais atenta da natureza e do que não se diz.

Abraço amigo da aldeia do Düssel.

Pedro Luso de Carvalho disse...

Olá, amigo Jaime, gostei muito deste seu magnífico
poema, com beleza e sabedoria juntas.
É sempre muito bom ler seus poemas, caro poeta.
Continuação de boa semana no seu belo Portugal.
Grande abraço.

Os olhares da Gracinha! disse...

Bem pertinente e atual a abordagem poética! 👏😘

Olinda Melo disse...

Olá, caro Jaime
A invisibilidade em relação à nossa presença na
sociedade é deveras terrível. Não só no que diz respeito
às mulheres, aos deficientes, e a todos os que não
respondem ao padrão criado para que seja aceite.
As redes sociais são indicados, por vezes, como uma das
razões para isso, contudo desde tempos imemoriais
acontecem episódios desse género. A surdez da alma é das
piores coisas que temos na vida.
Um tema excelente, para podermos discernir e levar a
sério o que nos perturba.
Abraço.
Olinda

Maria Rodrigues disse...

Profundo e sublime poema.
Cada vez mais o manto da invisibilidade está presente, até nós, por vezes nos sentimos invisíveis ao olhar de quem rodeia.
Beijos

Juvenal Nunes disse...

Por vezes é isso, estamos no mundo sem darmos conta do que se passa à nossa volta.
Abraço de amizade.
Juvenal Nunes

Tais Luso de Carvalho disse...

Olá, amigo Jaime, li só verdades, estamos cada vez mais isolados do real, e assim vai continuar, a tecnologia é fantástica, mas pouco humana, é mais solitária.
Belo poema, amigo, gosto imenso de vir aqui, leio poemas maravilhosos.
Dias felizes pela frente!
Bjs, amigo.

Momentos disse...

Jaime, hermoso poema, la invisibilidad cada vez mas visible.
Es un placer visitarte Poeta.
Que pases un feliz día
Besos Poeta

MELODY JACOB disse...

This is giving full ethereal poetry energy, like you’re staring through life’s hidden layers.

Mário Margaride disse...

Olá, amigo Jaime.
Passando por aqui, para deseja um feliz fim de semana, com tudo de bom.
Abraço de amizade.

Mário Margaride

http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com

Momentos disse...

Jaime, paso a desearte un feliz fin de semana.
Besos Jaime

SOL da Esteva disse...

Somos invisíveis. Tornamo-nos invisíveis uns aos outros. O Mundo (dito) moderno assim se apresenta, por dor e preocupação.
Poema de excelência, Jaime.
Parabéns.


Abraço,
SOL da Esteva

Olavo Marques disse...

Olá talentoso Jaime! Mais um magnífico poema, bastante profundo. Faz-me pensar na forma como nos perdemos uns nos outros e em nós próprios. Um abraço!

Emília Pinto disse...

Uma invisibilidade cada vez mais perturbadora provocada pela correria da vida moderna. A falta de tempo é a desculpa usada para a falta de atenção, para uma ajudinha a quem precisa, tantas vezes bem pertinho de nós, para uma visita aos pais " despejados " no lar e aí esquecidos. Não há tempo para os filhos, cada vez mais solitários, mais deprimidos, tendo como companhia a televisão e as redes sociais, tão perigosas e que levam tantas vezes a comportamentos inexplicáveis das nossas crianças. Multidões nas ruas, correndo de um lado para o outro, multidões nos shoppings preocupados já com os presentes de Natal, restaurantes cheios, mas no meio de tanta gente, sentimos que ninguém nos vê. Não há tempo para o afeto, para a escuta, enfim,,, para o que realmente importa. Há tempo para encher estádios de futebol e depois ver na televisão, intermináveis debates sobre um pontapé mal dado na bola. Mudas de canal e o assunto é o mesmo; os pais atentos e os filhos, isolados no quarto tentando ser visíveis nas redes sociais. E assim vai o mundo é nós atrás dele...
Um beijinho, Jaime e obrigada pelo pertinente poema
Emília 🌻 🌻

🌺JoAnna🌺 disse...

Great poem! I really, really like this! We're deaf to many things, we turn a blind eye, we pretend we don't see things for the sake of peace, sometimes we don't even see ourselves. Greetings, dear poet, and have a good new week!

Ana Tapadas disse...

O extremo individualismo pós moderno leva-nos a esse encerramento de que o teu belo poema nos fala...
Um beijo

Mário Margaride disse...

Boa noite, amigo Jaime.

Passando por aqui, para desejar uma feliz semana com tudo de bom.
Abraço de amizade.

Mário Margaride

http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

Boa tarde JP
Um poema que toca a condição humana através da metáfora da invisibilidade.
A escrita convoca essa distância silenciosa que tantas vezes existe entre nós ,mesmo quando nos olhamos , e revela como as palavras podem ser tanto ponte como naufrágio.
Há uma melancolia subtil na forma como a “surdez da alma” se instala, contrastando com a voz da natureza, sempre presente, mas tantas vezes ignorada.
Um texto que nos lembra a fragilidade da percepção e a delicada neblina que se interpõe entre o que somos e o que julgamos ver.
Boa semana com saúde.
:)