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segunda-feira, 24 de novembro de 2025

O mundo dói-me [643]

 


O mundo dói-me, moral e até fisicamente,

por um reflexo instintivo da alma na mente.

Ou da mente na alma.

Induz-me num desassossego de todas as coisas que,

nada omitindo,

não suprime as nuvens mais distantes.

Porém, ainda que não me arrisque

no precipício de pensar

que uma realidade possa ser outra

apenas porque se acham de mãos dadas,

como a pobreza e a fome,

ou que a processão que o espírito tem do cérebro

seja mais que uma subordinação,

acredito que existe entre a alma e a mente

um vínculo sujeito a refregas.

Assim, será por causa das diferenças de vínculos

que há altercações,

sendo que o mais usual

é a pessoa mais reles aborrecer a que o é menos.

E é por isso que o mundo nos dói,

somos todos iguais, mas as diferenças são abissais.

 

 

© Jaime Portela, Novembro de 2025


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