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quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Como agnóstico [254]



Como agnóstico,
sou um desamparado.
Nunca fui capaz
de acreditar em deuses
e livro-me racionalmente dos espinhos
com a pinça da fé nas palavras,
apesar da fantasia do alívio.
A esperança de vida,
uma indulgência
de ave camuflada no bando
a escapar às de rapina,
é uma tábua de salvação
cada vez mais carcomida.
E chega a ser um sossego aceitável
não ter sossego algum.



43 comentários:

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Um belo poema amigo Jaime.
Um abraço e continuação de uma boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

Tais Luso de Carvalho disse...

Um poema de qualidade pelo conteúdo muito verdadeiro, pela forma e palavras ditas na medida certa. Mostra um desnudamento da alma.
Gostei muito, amigo Jaime.
Um bom fim de semana que está chegando
beijo

Marta Vinhais disse...

Ás vezes, assim é...
Ficamos cansados, desapontados...
Brilhante....
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta

Isamar disse...

Adorei esta parte: "E chega a ser um sossego aceitável
não ter sossego algum."
É sempre um enorme prazer ler os seus poemas.
Continue a deliciar-nos!
Beijinhos

Os olhares da Gracinha! disse...

Um (desa)sossego que em poesia virá sossego na alma do poeta!!! 👏👏👏👏👏

Jornalista Douglas Melo disse...

Jaime...
A palavra “Religião” tem origem da expressão latina “Religio” = “Religar”. Essa ideia faz menção ao fato de que, por meio da religião, o homem religa-se aos deuses e ao sagrado. Mas, desde que o Mundo é Mundo, as religiões tendem a separar os povos e não a unir, como a palavra sugere.
A fé é bela (seja qual for a crença), ou até mesmo a falta de crença, pois devemos estabelecer um Estado Laico de direito.
Teus versos são belos... Pois, realmente, por vezes, "... chega a ser um sossego aceitável, não ter sossego algum!"
Esses dias mesmo, no DOUG BLOG, relatei algo que escutei, sobre Mário Quintana ser ateu... Deixo aqui o link da postagem para o amigo ler, se assim desejar:

https://blog-dougblog.blogspot.com/2019/11/ateus-gracas-deus.html

Um abraço e uma boa continuidade de semana... Que segue firme e forte, nos levando ao fim do ano!!!

Ana Freire disse...

Como agnóstica que sou... revejo-me muito, nesta sua inspiração, Jaime...
E como agnóstica que sou... revejo-me igualmente no que Alphonse Karr afirmou... acredito no Deus que fez os homens, e não no Deus que os homens fizeram...
Beijinhos! Continuação de uma feliz e inspirada semana!
Ana

Fá menor disse...

Lá está o provérbio: "Há razões que a razão desconhece."
E também, muitas das vezes, "é preferível ter paz a ter razão."

Nem para tudo podemos empregar a razão.
E, sim, a esperança hoje em dia anda muito carcomida, resultado talvez de um conceito mal-formado. A Esperança irá para lá do que a concebemos, e será inseparável da Fé e do Amor (as 3 virtudes Teologais). Amor, conceito este também mal-formado hoje em dia. E a Fé, bem, lá está, a Fé nunca pode ser apenas uma fèzada, uma simples crença. Daí os agnosticismos, pois tudo isso dá muito trabalho...
Mas é bom que nos desassosseguemos. :)

Beijinhos, amigo Jaime!

Andreia Morais disse...

Acreditamos sempre em algo, independentemente da denominação
Gostei muito do poema :)

tulipa disse...


Interessante:
E chega a ser um sossego aceitável
não ter sossego algum.
(dá que pensar...)

Obrigada pela partilha
Parabéns pela poesia sempre inspiradora

Finalmente hoje dediquei-me a fazer 2 posts
aqui:
http://pensamentosimagens.blogspot.com/ 

e, aqui:
http://tempolivremundo.blogspot.com/ 

Obrigada pelas visitas aos meus blogues.
Beijinho
e, bom final de semana
Tulipa

Larissa Santos disse...

Um excelente poema Caro Amigo :))


Hoje : Tempo incerto numa acalmia que dói

Bjos
Votos de uma óptima noite.

Sandra May disse...

Gostei, Jaime.
Agradeço também sua visita,
tenha uma ótima sexta-feira.
Bj

Maria Emilia B. Teixeira disse...

Sem fé fica complicado enfrentar os percalços da vida, ficamos a deriva.
Tenha uma noite abençoada!

Pedro Coimbra disse...

Não sendo agnóstico, não sou católico praticante.
Crente?
Em parte.
Aquele abraço, bfds

Elvira Carvalho disse...

A fé não se discute. Acredito em Deus. Se existe? Não faço a mínima ideia, mas se não existe eu o inventei e o acolhi no coração e sinto-me feliz assim.
Abraço

Graça Pires disse...

Fica bem ao poeta este desassossego… E este belo poema.
Um bom fim de semana, meu Amigo Jaime.
Um beijo.

João Santana Pinto disse...

Penso que, a vida fez de mim agnóstico. Ainda assim, acredito que o ser humano foi formatado para acreditar em algo, é algo do qual depende e, nem que seja, em tempos de maior "aperto", quase sempre acaba por se virar para algum lado.
Análise minha, quanto maior o nosso sentimento de finitude, maior a probabilidade de nos voltarmos para um "acreditar" ou eventualmente, a procura de uma "paz interior" a que se pode chamar o que se queira.

Um belo poema, pleno de mensagens, com uma cadência que muito me agrada e que termina de forma brilhante.

Abraço e bom fim de semana

Cidália Ferreira disse...

Gostei muito do poema! :)

-
--> Não desapareces do meu sentimento
Beijo. Bom fim de semana!

Vanessa Flor disse...

E assim, em versos soltos, se elabora um poema lindíssimo. Muito bonito e sedutor
.
Saudações amigas

Magui disse...

Adorei e revi-me nas suas palavras.
Bom fim-de-semana

Manuel Veiga disse...

poema de alta craveira, meu caro Poeta.
elegante na forma e denso de conteúdo.

parabéns, meu amigo

abraço

Duarte disse...

Jaime, já é hora de mudar de tábua!
Sim, chega um momento da nossa vida em que os obstáculos cada dia são mais difíceis de superar. Mas nada de desassossego, calma, pois só assim se superarão.
Um bom poemas estou convencido que depois duma reflexão profunda.
Abraços de vida

Isa Sá disse...

Eu tenho necessidade de acreditar em algo que nos transcende....

Isabel Sá  
Brilhos da Moda

SOL da Esteva disse...

Tu não és desamparado!
Tens "(...)A esperança de vida(...).
Mas se te vires camuflado
É porque tens escondida
O sossego e a comida.


Abraço
SOL

SILO LÍRICO - Poemas, Contos, Crônicas e outros textos literários. disse...

Dizem que a fé é uma graça
Que o ser recebe. E crente,
Esse ser tem fé em mente
Que a alma a ela repassa.

O agnóstico, traça
Seu rumo racionalmente
E como não crê, só sente
Ser a fé uma trapaça.

Como dizia Kayan,
A fé é uma coisa vã
Se o absoluto é concórdia.

Depois da morte pagã,
Sumida a memória sã,
Há o nada ou a misericórdia!

E dizia o grande Pessoa: "Ninguém se perde na vida - tudo é verdade e caminho!" O importante é sermos o ser que somos sem querer ser outro ser. Ser autêntico é ser um Ser! Grande abraço! Laerte.

NA VIDA TUDO TEM UM SENTIDO disse...

Bom dia caro amigo... Parabéns, magestoso poema!
Todo ser humano tem fé... Seja ela em Deus ou a si mesmo... Sem fé não realizariam os nada... Pois a fé é acreditar no impossível!
Desde já Te desejo um Feliz Natal cheio de paz para você e sua família...

Feliz Natal.

Maria Rodrigues disse...

Sentido e belo poema.
Eu sou católica, mas penso que cada um de nós é livre de ter a sua filosofia de vida, o importante é nos sentirmos bem ela.
Beijinhos
Maria

Ulisses de Carvalho disse...

Gostei bastante do teu poema, Jaime, e não simplesmente por identificação, nesse caso, porque me identifico em partes com as palavras contidas nele, mas admiro a tua verdade toda que ele contém. Gosto da ideia do mistério, de não ter, nesse aspecto (e em tantos outros), certezas absolutas. Às vezes duvido de tudo, inclusive dos deuses, e às vezes sinto como naquela frase que Fernando Pessoa escreveu através de Álvaro de Campos: "há em cada canto de minha alma um altar a um deus diferente". Às vezes politeísta. Às vezes panteísta, como Alberto Caeiro, que aprecio ainda mais, e deus é, ou pode ser, na verdade, tudo, as flores, o mar, a formiga que carrega sobre si o pequeno pedaço de folha (que para ela é imenso). Um abraço.

Mar Arável disse...

Não acredito muito menos creio em verdades absolutas
só em fortes convicções

Abraço

Betonicou disse...

Belissimo poema, Jaime! Nesse expõe sua alma num acerto com o mundo. Grande abraço. FEliz dia.

Teresa Almeida disse...

"E chega a ser um sossego aceitável
não ter sossego algum."

Bravo!

Beijo.

Arte & Emoções disse...

Oi Jaime! Mais uma vez nos presenteias com mais uma das tuas belas criações.

Abraços e uma ótima semana para ti e para os teus.

Furtado
PS: Creio na existência de um SER superior a quem chamo de DEUS.

teresa dias disse...

Jaime, emocionou-me tanto, mas tanto, este poema, que nada mais dizendo te digo tudo.
Parabéns, poeta!
Beijo.

Arthur Claro disse...

Muito bom este post.

Arthur Claro
http://www.arthur-caro.blogspot.com

Mariazita disse...

Ninguém tem fé porque quer...
Tem-se ou não se tem, e não vale a pena forçar para ter ou não ter. (sei do que falo...)
O que interessa é que o poema está excelente!
Seja qual for o tema... tu sabes sempre como usar as palavras. Por isso tenho fé em ti 😉, querido amigo Jaime.

Se não nos “virmos” antes do Natal...
Boas Festas com muito amor envolvido.

Continuação de boa semana.
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS


Ana Tapadas disse...

O teu poema, meu amigo, li-o como uma prece saída do meu íntimo...e ter estado em Israel/Jerusalém sublinhou, em mim, cada uma das tuas palavras.

Gosto muito da tua poesia e da sensibilidade que expressas.

Boas Festas!

Beijinho

Emília Pinto disse...

E sinceramente, amigo, nem sei o que sou; sei o que fizeram de mim e sei também o que fiz com os meus filhos e o que eles estão a fazer com os meus netos; sei que os " inscrevi " na religião católica apostólica romana e penso que eles fizeram o mesmo; os meus pais, tenho a certeza que a intenção foi outra e por isso aqui estou como catolica apostolica romana. Acredito em quê? Principalmente no ser humano, na força que ele tem, naquilo que é capaz de fazer se quiser e, quando queremos, Jaime, somos capazes de verdadeiros milagres. Falar em Deus, deixei de o fazer. Muitas vezes me pergunto" o que fiz eu para ter tanta sorte na vida, em todos os aspectos? Que fizeram de errado tantas crianças que morrem de doenças gravissimas, crianças que morrem de fome, crianças que morrem afogadas no mediterraneo? Sei, o homem é o culpado de tudo, temos o tal do livre arbítrio; então, é melhor não meter Deus nos nossos problemas. Bem..., mas nada disso impede que te deseje um feliz natal, que à tua mesa se reuna a familia num alegre convivio, com saúde, paz e que assim seja em todos os outros dias do ano que brevemente começará. Tentarei fazer o mesmo, embora parte da familia esteja longe e há 2 anos, no dia 25 o meu pai tenha partido. Afinal, Jesus nasceu, viveu e morreu e é esse nascimento que vamos festejar, mesmo não se sabendo a data certa. Que o façamos com a alegria possivel e que a solidariedade que se vê nesta quadra não termine quando a ultima luzinhna das cidades se apagar. Desculpa toda esta conversa, mas creio que já estás habituado. Um abraço, querido Amigo e um Bom Natal. Obrigada pelo carinho e espero que a nossa amizade continue
Emilia

Pedro Luso de Carvalho disse...

Carmo Jaime, agnóstico ou crédulo na religião praticada pode ser muito para a paz interior e poderá ser a esperança que tira o peso da vida, mas, se assim não for, ao poeta nada faltará, pois terá as palavras para construir sua igreja, cheia de sons de sua lira.
Gostei deste seu inspirado poema, Poeta.
Uma bo continuação da semana, amigo Jaime.

Teresa Durães disse...

Para alguns a fé é libertadora, para outros não a ter também o é. Boas festas!

O Puma disse...

Sempre um prazer visitar o seu espaço
Abraço

Menina Marota disse...

Não acredito na religião dos "homens". Acredito no Universo e que algo nos transcende e a que nos agarramos quando a vida nos foge.
"...
E chega a ser um sossego aceitável
não ter sossego algum."

A paz interior é o nosso maior sossego.

Um abraço e tudo de BOM

Majo Dutra disse...

Percebo-te muito bem, Jaime.
Já fui agnóstica por mais de vinte anos...
Voltei pelo Natal e pela bela doutrina moral,
mas vivo com as minhas dúvidas constantes...
Abraço amigo.
~~~~

Soraya disse...

Eloquente. Gostei muito! Passei a segui-lo no blog. Desejo-lhe um excelente 2020, com muitas realizações em todos os aspectos. Um forte abraço.