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quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

Brincamos [472]

 


Brincamos à morte do conformismo

e aplaudimos as grandes causas mundiais

no remanso do sofá.

Viciados na denúncia do vício da corrupção,

contemplamos a teia

sem ver a planetária pobreza dos fracos

por onde a penúria circula exangue no sangue

e sem esganar nenhum dos senhores da guerra.

E sabemos que precisamos de uma noite

de facas longas e afiadas

contra a trampa do liberalismo selvagem

que nos vão vendendo

travestido de economia de mercado

e contra a tirania

dos ditadores que persistem no poder.

Nessa noite,

que depressa dia seria,

dançaríamos ao toque de outra Grândola,

de outro Kalinka, de outro Samba,

e só estariam terminadas quando cuspíssemos

toda a revolta entalada na garganta.

Então,

despiríamos a noite em que nos ofuscamos

e trajaríamos o raiar da nova aurora.

 

© Jaime Portela, Janeiro de 2023


37 comentários:

Cláudia disse...

Belíssimo. Mais um carregado de verdades.

Bom dia

P.S: Espero que esteja a brincar quando disse para trocar de cão... Os cães não se trocam, pelo menos eu não troco os meus. Já são família :)

Natalia Castelluccio disse...

Olá
Obrigado por visitar meu outro blog WordPress.
Eu posso responder.
te sigo com prazer
Natália

" R y k @ r d o " disse...

Sempre assim foi, é e infelizmente sempre assim será.
Mudam-se os nome. Continuam as mesmas políticas.

Poema que remete o leitos/a para uma enorme reflexão, embora essa, caia sempre na mesma expressão " Nada muda"

Cumprimentos

Porventura escrevo disse...

Gostei da dinamica do poema.
Fez-me lembrar Zé Mário Branco.
Bravo, Jaime

silvia de angelis disse...

Un testo impegnativo e molto intenso, che ho gradito e molto apprezzato.
Cari saluti,silvia

brancas nuvens negras disse...

Um poema esclarecido com uma mensagem clara. A poesia também é isto.
Um abraço.

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Gostei amigo Jaime.
Um abraço e continuação de uma boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados

Marta Vinhais disse...

E o Mundo seria outro... podemos esperar que seja diferente nesse Amanhã...
Brilhante como sempre....
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta

ematejoca disse...

A brincadeira está na hora derradeira ☠️
Kremlin avalia as entregas de tanques ocidentais como "participação directa no conflito"
Uma bomba nuclear russa ☢️ acabará com o pesadelo.

Poema extremamente político que me deixou a pensar 🤔 nas pessoas que não têm sofás.
Embora tenhamos um visão diferente do mundo, Jaime, aprecio muito a sua POESIA.

Saudações das margens do rio Reno.

Mário Margaride disse...

Um poema forte e contundente, retratando a realidade que vivemos no mundo. Infelizmente, em vez de vermos a luz ao fundo do túnel, vemos um enorme mar, onde todos nós iremos afundar.
Gostei muito, caro amigo Jaime.
Continuação de ótima semana.
Abraço amigo.

Mário Margaride

http://poesiaaquiesta.blogspot.com

Roselia Bezerra disse...

Boa tardinha de paz, amigo Jaime!
"... no remanso do sofá."
Assim, é fácil assistirmos o mundo em polvorosa.
Um poema contextualizado, bem atual.
Tenha dias abençoados!
Abraços fraternos

Majo Dutra disse...

Muito bem expresso e escrito...

Há que partir para a ação...
Por que não escreves a tua opinião para o Jornal do Minho?
Tenho a certeza que terias sucesso, como poeta redator...
A Graça Sampaio está a escrever no Jornal de Leiria, como
critica literária. Além de copiar, é o que ela faz melhor.
Bom fim de semana.
~~~~~~~~~~~~

lis disse...

Lendo e pensando que a impotência leva-nos ao conformismo.
E seguimos! bom seria saber a quem cuspiriamos toda a nossa revolta?
talvez aos deuses Jaime, que nos deixou nessa situação caótica.
Um poema para reflexaõ e sem respostas.
Meu abraço.

Caterina disse...

Meravigliosa questa poesia. Complimenti amico Jaime. Buona continuazione di settimana.

AMALIA disse...

Real y excelente poema.
Un abrazo.

São disse...

Disseste em poema aquilo que eu sinto por dentro....


Grande abraço, meu amigo

Cidália Ferreira disse...

Gostei bastante. Obrigada pela partilha!!
.
Nas manhãs da simplicidade da vida.
.
Beijos
Boa tarde!

Maria Lucia (Centelha) disse...

Um poema político, pleno de verdades de tons fortes. O mundo todo assim, os poderes regurgitando poderes, e o povo inerte, impotente.
Parabéns, poeta.
Um abraço.

Lucia disse...

Olá Jaime.
Bonito poema
Um desabafo que está na garganta do Mundo.
Boa noite pra você.
Beijo!

Mor Düşler Kitaplığı disse...

Hello my blog friend,
Thanks for sharing this beautiful poem. Have a good day :)

Janita disse...

A Poesia não se faz apenas de palavras melosas, ou alusões a uma vida que se foi construindo de sonhos e ambições de alcançar a felicidade.
A poesia pode ser tão incisiva quanto uma adaga, um punhal ou uma longa e afiada faca que se espeta na consciência de quem a lê.

A global pobreza não é feita apenas de fome de comida, é também um alerta para aqueles que vivem olhando para o próprio umbigo.

Que haja fome, destruição, sede de justiça, morte e dor...mas lá longe, onde não nos atinja nem moleste. Nem que para isso se lhes negue a ajuda que precisam para se defender...Cobardes!

Um beijo amigo, Jaime.
Saudações das margens do Douro!!

Os olhares da Gracinha! disse...

É sempre bom refletir!👏😘

Guma disse...

Caro Jaime,
O maior dilema é as pessoas passarem a achar tudo isto normal e perderem a faculdade de questionar, ou, pura e simplesmente acomodarem-se.
Excelente manifestação no seu poema.
Um kandando.

J.P. Alexander disse...

Profundo poema. Te hac epensar como van las cosas en todo el mundo. Te mando un beso.

Pedro Coimbra disse...

Essa alvorada, esse amanhecer limpo e claro, parece cada mais longínquo.
Abraço, bfds

Isamar disse...

Querido Amigo Jaime, faltam-me as palavras para comentar tamanha relíquia e tamanho talento poético.
Parabéns pela estrondoso poema!
Que o seu fim-de-semana seja muito feliz.
Beijinho

Graça Pires disse...

Se despíssemos "a noite em que nos ofuscamos e trajaríamos o raiar da nova aurora". Tão belo!
Tudo de bom, meu Amigo Jaime.
Um beijo.

Lucinalva disse...

Bom dia, Jaime
Poema reflexivo, um forte abraço.

Mário Margaride disse...

Olá, caro amigo Jaime,
Passando por aqui, relendo este excelente poema que muito gostei, e desejar um feliz fim de semana, com muita saúde.
Abraço amigo.

Mário Margaride

http://poesiaaquiesta.blogspot.com

SOL da Esteva disse...

A magia dos poderosos é o próprio Poder. Nele assenta o domínio sobre o Povo e a recusa de poder olhar a realidade.
Manuel de Arriaga? Qual quê? Morreu e não deixou seguidores...
Poema de intervenção com muito valor didático.
Parabéns, Jaime.


Abraço
SOL da Esteva

PAULO TAMBURRO. disse...


GRANDESSÍSSIMO JAIME PORTELA,

VOCÊ E SUA POSTAGENS ALÉM-MAR FANTASTICAS!!!
AGORA,VOCÊ NÃO IMAGINA COMO ANDA O NÚMERO INACREDITÁVEL DE OPÇÕES DE GENÊRO SEXUAL.
NOSSO BLOG "HUMOR EM TEXTOS" PEQUISOU E DESCOBRIU UM VIDEO ABSOLUTAMENTE ESCLARECEDOR SOBRE A MATÉRIA.
NÃO DEIXE DE CONFERIR!!!
UM ABRAÇÃO CARIOCA.

Ailime disse...

Boa tarde Jaime,
Um belíssimo poema!
Que essa nova aurora não tarde!
Beijinhos e bom fim de semana.
Ailime

tulipa disse...


OLÁ AMIGO JAIME
com muita atenção como é habitual em mim
li o teu poema
gostei de ler..."no remanso do sofá"
Pois com este frio é só o que apetece, tapadinha e bem agasalhada
Mais abaixo encontro:
Nessa noite,dançaríamos ao toque de outra Grândola,
de outro Kalinka...

Ohhh isto diz-me alguma coisa
foi na minha visita de 2004 que vim deslumbrada com o que vi
que, escolhi esse nome na blogosfera!
Outros tempos!

Então, hoje convido a ver um dia que passei na cidade do Porto,
espero que goste!
Aqui:
http://meusmomentosimples.blogspot.com/
Bom domingo,
beijo da Tulipa

Emília Pinto disse...

Também não sei quem nos convenceu, logo à nascença que teriamos uma vida bela, num mundo pacifico, num planeta azul; à medida que fomos crescendo, vimos que fomos ludibriados e não precisámos chegar a esta idade para termos essa convicção; muito cedo ensinaram-nos a amar o próximo, disseram-nos que teriamos um paraiso à nossa espera e que não temessemos a morte porque ressuscitariamos; teriamos sempre uma entidade divina ao nosso lado, cuidando de nós, que nada nos aconteceria de mal se nela acreditassemos e o que se vê, Amigo? Nenhuma beleza, muita barbaridade, alguns sempre protegidos, outros sempre largados à sua sorte; " brincam" com a nossa esperança, dão cabo dos nossos sonhos de felicidade, " armam-se " em donos do mundo, destroiem, sujam o azul do nosso planeta, matam inocentes e nós, furiosos, nos perguntamos onde estará a tal protecção prometida, o tal paraiso, a vida que nos disseram ser bela. Ficamos confortavelmente sentados no sofá, em casas aquecidas, lamentando aqueles que nem um cobertor têm. Mas, poderemos fazer alguma coisa? À nossa volta, claro que sim, mas..fazemos? Creio que nao, Amigo. Fomos iludidos continuamos a ser e, pior de tudo, ainda querem tirar-nos a esperança de um dia vermos um pouquinho desse paraiso na terra E vão conseguir! São tantas, mas tantas as noticias ruins a entrarem pela nossa casa dentro que logo, logo, estaremos convencidos de que não há " nadinha de nada " que valha a pena neste nosso mundo e isso não é verdade, mas...não dá audiencias. A mim, não me convencerão de que há só malvadez entre os Homens. Dois belissimos poemas que exigem reflexão de todos nós, Não deixemos que nos enganem! Parabéns, Amigo! Um beijinho, um bom domingo e saúde para todos aí em casa
Emilia

Olinda Melo disse...


O conformismo enleia-nos numa trama desgraçada.
Ata-nos de pés e mãos num marasmo de cobardia.
Dias se passam na ilusão de que podia ser pior.
Belo poema, caro Jaime. Composição poética,
plena de palavras vigorosas.

Abraço
Olinda

Fá menor disse...

Muito bom grito, Jaime!
Mas na noite escura nos querem manter, e nós que fazemos? De noite dormimos.
É mais que hora de acordar!

Beijinhos e boa semana!

Ana Freire disse...

E assim prosseguimos anestesiados desta realidade que não parece mudar...
como pequenos grãos de uma engrenagem que em tudo nos ultrapassa... mas nunca nada se mantem para sempre... há sempre uma aurora que traz mudanças... até se cair em novo ciclo viciado... repetir erros, parece estar na génese da história da humanidade...
Uma belíssima análise da essência deste nosso desgraçado mundo, ao serviço de interesses... que nos ultrapassam... mas que ainda assim, precisam de nós...
Um beijinho
Ana