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segunda-feira, 23 de setembro de 2024

Suplício de Tântalo [579]

 


No frondoso vale, Tântalo desespera

e, nas trevas do castigo, a sede é uma tortura.

A água, fugidia, em vão ele procura,

e a fruta ao seu alcance, foge-lhe, severa.

 

Em tormento perpétuo, a alma desfalece

nas margens do rio que lhe nega o alento.

Na fome voraz, a sua vida é um tormento

num ciclo cruel que jamais se emudece.

 

Sob o peso do céu, em cruel suplício,

Tântalo sofre condenado ao sacrifício

e é forçado ao martírio sem redenção.

 

Assim, entre o desejo e a realidade,

o suplício de Tântalo ecoa na eternidade

como símbolo presente da humana condição.

 

 

© Jaime Portela, Setembro de 2024


8 comentários:

" R y k @ r d o " disse...

Assim se escreve linda poesia
Intensa, profunda, deslumbrante
Que nos alegra na aurora do dia
Saída de uma mente poética brilhante
.
Bom dia. Uma semana feliz.

Pedro Coimbra disse...

Desejos inalcançáveis.
Tântalo teve o seu.
Desejo e sonho nunca cumpridos.
Abraço, boa semana

chica disse...

A tortura da fome e sede , momentos de desespero bem expressos na tua linda poesia!
abraços, linda semana! chica

Roselia Bezerra disse...

Olá, amigo Jaime!
Tântalo... "símbolo presente da humana condição."
Uma metáfora nomeadamente verdadeira.
A condição humana está em perigo
Tanta coisa acontecendo...
Tenha uma nova Estação abençoada!
Abraços fraternos

Mário Margaride disse...

Olá, amigo Jaime
Belo e oportuno poema, que põe a nu a tragédia humana. Onde as guerras, a fome e a miséria, são a grande chaga da humanidade.
Gostei muito.

Deixo os meus votos de uma boa semana, com muita saúde e paz.
Abraço amigo

Mário Margaride

http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com

silvia de angelis disse...

Versi molto orignali, che ho letto con immenso piacere.
Un caro saluto

Janita disse...

O pior suplício, a morte mais cruel, é ir morrendo à sede e tendo o precioso líquido ali mesmo ao lado, mas sem lhe poder chegar.
Assim, vive a Humanidade, a terra tem tudo, para todos, mas vive-se sedento e faminto, até à morte, pela cobiça e ambição de alguns miseráveis que se julgam senhores e donos de tudo.

Um forte abraço e o meu profundo apreço pelos momentos em que nos faz pensar nas injustiças que grassam pelo mundo.
Beijinhos, amigo Jaime!

Graça Pires disse...

A água tão perto e tão inalcançável. É a sede, é sempre a sede o suplicio de quem deseja o que não pode ter. Tântalo desafiou os deuses que são cruéis. Bom poema, meu Amigo Jaime.
Uma boa semana.
Um beijo.