Surpreende-me a alegria
dos que não sabem que são infelizes.
O seu quotidiano,
em favelas ou palácios,
é inundado por tudo
o que compreenderia uma opressão
face a um sentir autêntico.
Sendo a sua vida aérea,
o que os devia fazer padecer
atravessa-os sem lhes beliscar o ânimo
e são como alguém com uma dorzita
a quem lhe saíram milhões num sorteio.
Possuem a fortuna da andança
de um viver inconsciente,
uma dádiva dos Deuses,
e são idênticos e elevados como Eles
no júbilo e no sofrimento.
Como eu gostava de ser como vós,
meus queridos alegrotes.
© Jaime Portela, Setembro de 2025
3 comentários:
Ou será para esquecer como a dor pode ser profunda?
Beijos e abraços
Marta
Há tantos e atntos alegrotes que teriam tudo para tristes andar e ficar... Linda poesia!
abraços praianos, chica
Este poema desenvolve uma tensão interessante entre alegria e infelicidade — ele admira pessoas que “não sabem que são infelizes” e que vivem inconscientes dessa condição. Existe aí uma ironia comovente: essas pessoas “felizes” despertam espanto no eu‑poético, porque para ele parece evidente que há algo a ser sentido mais intensamente. Esse contraste entre o consciente e o inconsciente é poderoso, pois abre uma reflexão sobre a vida emocional autêntica.
Uma admiradora da sua poesia
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