Os teus fios de joias distraídas
viram os teus lábios nos meus
sem celebrar o destino,
que seria despido
do perfume das rosas vermelhas.
Eram cravos negros sem esperança
que habitavam os teus olhos,
que sabias que eu sentia
nos teus beijos indecisos e sofridos.
Ainda assim,
longe das rosas e perto dos cravos,
o mar não existia nas cascatas do fascínio,
a água era algodão doce
desencrespada por sossegos.
E soube dos teus segredos e percebi
o soldado de chumbo na tua cascata,
numa perícia imóvel,
violenta e permanente,
mas não soube se era medo ou timidez
que inibia a denúncia
ou a fuga implantada nos teus sonhos.
© Jaime Portela, Setembro de 2025
2 comentários:
Bom dia, amigo poeta Jaime… que luxo triste esse teu “Soldado de Chumbo”. É como se tivesses mergulhado rosas vermelhas em um copo de absinto e depois servido o coração em cálice de estanho.
Os versos carregam essa estranha ternura que arde: o beijo indeciso, o mar que não se atreve a existir, o algodão-doce das águas e, no meio disso, um soldado imóvel, feito de medo e de silêncio. É poesia que olha o abismo sem piscar, e ainda assim se deixa tocar pela doçura. Se tivesse que resumir num só fôlego: tua poesia é a prova de que até chumbo pode aprender a dançar, ainda que seja uma dança imóvel, violenta e eterna. Assim, senti.
Abraços do amigo, Daniel
Boa semana !
https://gagopoetico.blogspot.com/2025/09/circulo-de-nevoas.html
Olá!
A tua escrita tem uma força delicada, cada imagem que crias faz pensar e sentir como se fosse uma memória guardada no coração.
Com carinho,
Daniela Silva ♡
alma-leveblog.blogspot.com — espero pela tua visita no meu blog!
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