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segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Alegretes [635]

 


Surpreende-me a alegria

dos que não sabem que são infelizes.

O seu quotidiano,

em favelas ou palácios,

é inundado por tudo

o que compreenderia uma opressão

face a um sentir autêntico.

Sendo a sua vida aérea,

o que os devia fazer padecer

atravessa-os sem lhes beliscar o ânimo

e são como alguém com uma dorzita

a quem lhe saíram milhões num sorteio.

Possuem a fortuna da andança

de um viver inconsciente,

uma dádiva dos Deuses,

e são idênticos e elevados como Eles

no júbilo e no sofrimento.

Como eu gostava de ser como vós,

meus queridos alegretes.

 

 

 

 

© Jaime Portela, Setembro de 2025


47 comentários:

Marta Vinhais disse...

Ou será para esquecer como a dor pode ser profunda?
Beijos e abraços
Marta

chica disse...

Há tantos e atntos alegrotes que teriam tudo para tristes andar e ficar... Linda poesia!
abraços praianos, chica

Anónimo disse...

Este poema desenvolve uma tensão interessante entre alegria e infelicidade — ele admira pessoas que “não sabem que são infelizes” e que vivem inconscientes dessa condição. Existe aí uma ironia comovente: essas pessoas “felizes” despertam espanto no eu‑poético, porque para ele parece evidente que há algo a ser sentido mais intensamente. Esse contraste entre o consciente e o inconsciente é poderoso, pois abre uma reflexão sobre a vida emocional autêntica.

Uma admiradora da sua poesia

Graça Pires disse...

Uma reflexão entre o que se sente e o que se ignora. Há pessoas que não se identificam com o que realmente sentem.
Uma boa semana, meu Amigo Jaime.
Um beijo.

Malania Nashki disse...

Tu texto me hizo pensar, querido amigo Jaime. Creo que ellos se conforman con poco y así son felices, siempre con una sonrisa en los labios aunque el alma les duela. O quizás no son felices, vaya uno a saber, pero no por eso dejarán de brindarnos una sonrisa para alegrarnos.
Además creo que con poco o con lo sumamente necesario, podemos vivir sin lujos, sin extravagancias.
Buena semana.
Un abrazo.

Jovem Jornalista disse...

Bela poesia. Gostei bastante.

Boa semana!

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Jovem Jornalista
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Até mais, Emerson Garcia

ematejoca disse...

A alegria paradoxal dos infelizes que vivem sob opressão, mantendo o ânimo apesar das suas condições de vida. Complentativo e quase reverente, com uma elevação quase espiritual ao reconhecer a dignidade dos que sofrem. Contraste entre favelas e palácios, dor subtil que não ruína o espírito, e a ideia de uma “dádiva dos Deuses” que concede elegância e fraternidade mesmo na adversidade. Métricas não fixas, ritmo suave, vocabulário culto e algumas inversões que confere musicalidade. A possibilidade de empatia profunda entre o observador e os “alegretes” (seria interessante clarificar o neologismo) que, apesar de viverem de forma inconsciente ou não, mantêm uma dignidade elevada. Considerar uma conclusão que una o desejo de assemelhar-se a eles com uma afirmação de compaixão ou acção concreta.

Provavelmente, também eu vivo de forma inconsciente e sem saber faço parte dos “alegretes”.
A amiga e admiradora de sempre abraça-o com alegria ☀️

Juvenal Nunes disse...

Dá que pensar. Por vezes queixamo-nos sem nos apercebermos do bem em que estamos.
Boa semana.
Abraço de amizade.
Juvenal Nunes

Mário Margaride disse...

Há de facto muitos alegrotes que se julgam felizes. Tiverem a sorte de o euro milhões lhes baterem à porta. Mas no fundo, são uns pobres infelizes sem eira nem beira.
Gostei bastante deste satírico e irónico poema, amigo Jaime.
Parabéns!

Abraço de amizade, e boa semana!

Mário Margaride

silvia de angelis disse...

Una serie di versi intensi e raffinati, letti con immenso piacere.
Un caro saluto

lis disse...

São como elfos ,Jaime com muita luz e conseguem disfarçar o dia ruim num dia comum. São livres da ética e fazem dessa liberdade o que é ordinário ser extraordinário , são quase inocentes . Isso é fabuloso, porque o que não tem conserto ...
É uma alquimia que a gente não acompanha. Infelizmente,_ estamos sempre querendo o melhor quando o melhor é agora .
E você, sempre com poemas que nos fazem pensar,
Obrigada Jaime. Boa semana e beijinhos.

Ana Lucia Nicolau disse...

linda poesia...amei, também gostei muito de seu blog como um todo estou seguindo, abraço

Roselia Bezerra disse...

Olá, amigo Jaime!
Os 'alegrotes' podem bem ser por mais de um motivo...
Esperemos que os que se alegram com a infelicidade alheia se convertam e vivam verdadeiramente.
Tenha uma nova semana abençoada!
Abraços fraternos

AMALIA disse...

Un poema profundo y muy bueno.
Te felicito.
Un abrazo.
Feliz semana.

Teresa Isabel SIlva disse...

Muito bonito! Gostei de ler!
Aproveito para desejar uma boa semana!

Bjxxx,
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Emília Simões disse...

Boa tarde amigo Jaime,
Um poema magnífico!
Esses alegrotes são na verdade infelizes andantes, que se julgam como Deuses, e pensam que poderão mudar o mundo, mas à sua maneira.
São seres inconscientes imunes ao sofrimento dos outros e à conta dos quais fazem as suas vidinhas.
Desejo-lhe uma boa semana.
Beijinhos,
Emília


Adriana Helena disse...

Jaime, como você é um poeta talentoso! Consegue captar parcelas infinitas de conhecimentos que não possuímos na simplicidade das coisas...
Consegue nos atingir em cheio com o desdobramento de ações que antes significavam apenas "padecimento", mas que vendo por uma nova ótica, se transformam em uma certa "felicidade" , até então desconhecida.
Quem dera se todos pudéssemos e tivéssemos forças também para ser elevados no sofrimento...Viveríamos bem melhor!!
Grata por mais essa grande obra!!
Aproveito par desejar uma excelente semana!! :))))

Lucimar da Silva Moreira disse...

Um poema que expressa uma profunda reflexão sobre a felicidade, a infelicidade e a consciência, maravilhoso o poema, Jaime boa semana abraços.

Lucia disse...

Olá caro Jaime.
Muito belo e sentido poema.
Gostei!
Suave seja a sua semana, amigo poeta.
Beijos!

Menta disse...

Laalegria es el motor para vivir mejor y mas en los tiempos de hoy.Un abrazo!

Silent Movie - ©Theda Bara disse...

Joy is one thing, alienation is another.
(ꈍᴗꈍ) Poetic and cinematic greetings.

J.P. Alexander disse...

Profundo poema. te mando un beso.

Eduardo Medeiros disse...

Você já abre o poema com dois versos intrigantes: A alegria dos que não sabem que são infelizes!
Não saber, viver na ignorância tem suas vantagens.

Marli Soares Borges disse...

Olá, Jaime!
Seu poema é muito lindo e traz grandes reflexões, com variáveis infinitas. Eu, particularmente, a depender das circunstâncias, acho ótimos esses "alegrotes", eles sentem-se felizes do jeito que estão. São felizes com os recursos de que dispõem, certamente aprenderam que "o que não tem remédio, remediado está". E fica tudo certo. Qual a razão para colocarmos sua felicidade na berlinda? Questionar sua alegria? Dizer que são infelizes, que vivem uma felicidade irreal? Ora, se eles se sentem felizes, que aproveitem sua felicidade! Por outro lado, talvez essa felicidade seja apenas aparente, quem sabe das amarguras que enfrentam? E começam as variáveis (risos).
Bjsssss, Marli

TORO SALVAJE disse...

Hace mucho que pienso en que la inconsciencia es una coraza que permite no sufrir.
Yo ya desistí de ser feliz... pero me gustaría no padecer por tantas cosas.
Saludos.

" R y k @ r d o " disse...

Pois...quantas vezes cantam com vontade de chorar.

Poema para profunda reflexão. Gostei muito.
Cumprimentos poéticos

Duarte disse...

Assim é, há quem sabe navegar a gosto num mar de hipocrisia. Talvez porque se deixa embeber num mundo de fantasia irracional.
Forte abraço

Bandys disse...

Olá querido Jaime,
Você descreve tão bem em seus pomas a dualidade dos sentimentos. Ser feliz por ignorância ou ser infeliz pela realidade. Não importa, o que devemos é sempre procurar um tantinho de felicidade em cada canto da consciência.
beijos

São disse...

Pois , a ignorância do seu próprio estado é uma via para a felicidade...

Te abraço, meu amigo, excelente Outubro.

Momentos disse...

Jaime, hermoso poema.
Todos tenemos momentos de tristezas y alegrias y la alegria ayuda a vivir con optimismo.
Maravilloso
Besos, feliz dia

❦ Cléia Fialho ❦ disse...

Que poema delicado e luminoso!
Adorei como ele celebra a alegria simples e genuína daqueles que vivem sem perceber a própria infelicidade.
Há uma leveza encantadora em cada verso, que me fez sorrir e refletir sobre a dádiva de viver com leveza, mesmo diante das dificuldades.
A maneira como descreve a fortuna de simplesmente ser e sentir é tão tocante… me senti próxima desses alegrotes, compartilhando seu júbilo silencioso e elevado.
Lindo demais, me trouxe uma ternura imensa e inspiração para valorizar cada instante.

ABRAÇOS POÉTICOS

brancas nuvens negras disse...

Reina a confusão é a ignorância.
Boa semana
Um abraço.

R.Correia disse...

Bonita poesia esta dos "Alegrotes". E andam tantos por ai...
Abraço.
https://rabiscosdestorias.blogspot.com

Emília Pinto disse...

Falaste em " soldados de chumbo " e esses nada sentem, mas, agora e sempre, houve soldados carregados de chumbo, em guerras que não são deles e os que escapam aos tiros nunca mais serão os mesmos; farão tudo para esquecer os traumas desses tempos , nos campos de batalha e se o conseguirem, têm os meus aplausos. Valorizo muito esses " alegrotes " que conseguem sorrir apesar das dificuldades e das barracas onde vivem; todos nós conhecemos pessoas assim, que aceitam a vida como ela é e ainda são capazes de agradecer aos " Deuses " o pouco que têm ". Em contrapartida, vemos tantos outros que muito têm e que, ao invés de agradecer e na ânsia de mais terem pisam nos outros, tentando assim que eles percam a alegria de viver. Sabes, Jaime, quando vejo os jogadores de futebol a ganharem milhões por saberem chutar a bola em direção a uma baliza, penso sempre que é um ultrage a quem mal tem para comer. Diz-se que têm uma profissão breve, mas não concordo nada com isso...acho uma aberração, simplesmente. Então, Amigo, levanto-me e alpaudo esses " alegrotes " e lamento que nem sempre eu saiba olhar para eles e com eles aprender que a vida é curta e que vale mais a pena se a levarmos a sorrir. Este teu poema tem várias interpretações, mas escolhi esta, porque me tocou mais
Obrigada, Amigo, pela reflexão que devemos fazer e desejo -te dias alegres e com saúde
Beijinhos
Emília 🌻 🌻

Sonya Azevedo disse...

Boa noite, Jaime. Uma bela e reflexiva poesia. Há uma fina ironia e sensível introspecção, a beleza e a tragédia de viver sem consciência, um estado de graça que, embora aparentemente inferior, pode ser mais leve, mais divino, e até mais feliz do que o fardo de saber. Muita luz e paz. Abs.

Os olhares da Gracinha! disse...

Uma excelente reflexão!
Provavelmente os "mais felizes" são os que se alegram com a simplicidade do seu viver! 👏😘

Maria Rodrigues disse...

Profunda e interessante reflexão.
Há muitos alegrotes por aí, pessoal que prefere não ter consciência da triste situação em vivem, acreditando assim que são felizes.
Aplica-se aqui bem o ditado popular "és como o avestruz escondendo a cabeça na areia" .
Beijos

Olavo Marques disse...

Olá talentoso Jaime! Muito bem conseguido o poema. Fez muito bem o contraste entre a dureza da vida e a leveza dos 'alegrotes'. Um abraço! 🤗

rosa-branca disse...

Amigo Jaime, no fundo são felizes à maneira deles se é que o são... A hipocrisia é tanta... Já dizia a minha avó [pobretes mas alegretes] o que nem sempre correspondia à verdade. Jaime, bom fim de semana e beijos com carinho

R’s Rue disse...

I understand this so well. I’ve struggled with it too.
rsrue.blogspot.com

Mário Margaride disse...

Olá, amigo Jaime
Passando por aqui, para desejar um feliz fim de semana com tudo de bom.
Abraço amigo.

Mário Margaride

http://poesiaaquiesta.blogspot. com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com

SOL da Esteva disse...

A Alegria e a Felicidade andam (sempre) de mãos dadas. A inocência, ou o desconhecimento da "coisa" real" também têm esse efeito feliz.
Gostei da intervenção, Jaime.


Abraço,
SOL da Esteva

Momentos disse...

Jaime, que pases un feliz fin de semana, con alegrías
Besos

la plume d'Eden disse...


Boa noite, caro poeta,

Seus versos têm a doçura de um desejo de fuga e a lucidez de uma prece, uma homenagem silenciosa a essas alegorias humanas que nos lembram que a luz existe até nas sombras.

Com toda a minha admiração poética,
Beijos
Véronique

JoAnna disse...

Um poema muito bom e realista, apesar das metáforas. Saudações, meu amigo, desejo-lhe uma boa semana, abraços.

Catiahô do Espelhando disse...

Jaime,
Ler seus versos nessa
tarde de domingo sinalizam
o quanto a nova semana
será significativa para mim.
Obrigado por compartilhar
sua inspiração.
Bjins$Abraço
CatiahôAlc.

Mário Margaride disse...

Olá, amigo Jaime.
Passando por aqui, para desejar uma feliz semana, com tudo de bom.
Abraço de amizade.

Mário Margaride

http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com