De atalaia,
qual guarda de castelo impenetrável,
adormeci e deixei-te passar,
desprevenido, pela ponte levadiça.
Invicta, entraste gloriosa
por entre as armas do portão
da minha alma amuralhada.
Célere,
retirei os ramos de oliveira das ameias,
forrei de frieza as paredes e deixei escorrer
um fleumático relento na palavra.
Ainda não seguro,
arranjei um tapete de madrigais incorruptíveis
e deitei-me na geada formal da madrugada.
Demasiado tarde, porque o amor impossível
é tão fiável como o nunca.
Em menos de uma batalha
eras a régia soberana e, inspiradora,
a musa do meu castelo submisso.
Agora, em fogo vivo, as palavras ardem
sem compaixão, uma por uma, com paixão.
© Jaime
Portela, Julho de 2022