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quinta-feira, 18 de junho de 2020

O que sou já nem eu sei [284]



Não sei se sou uma aldeia
que flutua, envergonhada, na firmeza das ideias
por entre a incerteza das palavras,
se uma cidade que deambula, meretriz,
na clareza dos verbos
com a boca na ambiguidade das ideias.

Em todo o caso, debato-me enleado
na força que não faço das fraquezas
e sinto-me roubado no absurdo das certezas
perante as verdades consertadas.

Serei gota que perdura, imiscível,
num mar de gente que da lua é igualzinha?
Ou rio de evasão e permanência,
num cacto que vive morto em quarentena
para resistir à falta de água?

Ou serei, estranhamente,
um corpo só, que na poesia se arrima
para melhor se calar?
Melhor explicado, pois também
não sei dizer tudo aquilo que não sou,
o que sou, já nem eu sei.


© Jaime Portela, Junho de 2020


42 comentários:

Magui disse...

Um excelente poeta é com certeza.
Beijo

Dalva Rodrigues disse...

Lindo poema, Jaime! Todos nós somos flutuantes neste mundão de incertezas, algumas vezes aldeias, cidades, continentes...Cada um procura conhecer seu universo para se entender e viver melhor.
Abração e obrigada pela presença!

Andreia Morais disse...

Há tantas questões sobre quem somos. Mas será que algum dia o saberemos em pleno?
Mais um belíssimo poema, Jaime!

Continuação de boa semana

" R y k @ r d o " disse...

Todos flutuamos através do imaginário, neste caso, imaginário poético. São assim os bonitos contrastes da vida
Este soberbo poema fala desses contrastes flutuantes.
E que sedutores ficaram. Deliciei-me a ler.
.
Um dia feliz
Cumprimentos

Andreia e Jéssica disse...

Um belo poema
Beijinhos 😊 , Damsel.me-Clique Aqui

By Me disse...

Não és o único, Jaime! Que coisa é esta que nos atiraram... se não é, parece! Que mundo estranho, que tempo estranho!
Que poesia sempre cuidada, lapidada, vale a pena a demora por aqui.

Aproveita a tua semana.

Até já

Cidália Ferreira disse...

Mais um poema muito poderoso!! Amei!
-
Mergulhada nas águas do desejo.

Beijos e uma excelente noite! :)

Giancarlo disse...

Ciao Jaime, bella poesia. Concordo con Andreia.
Buona serata.

Jornalista Douglas Melo disse...

Caro Jaime,
Nas aldeias dos pensamentos, firmamos nossas ideias, mesmo que existam embaraços nelas. Somos estranhos, num mar de gente igualzinha.
Mais um poema repleto de sentimentos.
Um abraço!

Pedro Coimbra disse...

Posso fazer uma piada com o título??
Foi o que disse o amnésico :))))))
Aquele abraço, bfds

Roselia Bezerra disse...

Bom dia de paz, Jaime!
Acontece um emaranhado de pensamentos em tempos difíceis no mundo.
O eu real fica disperso, pode confundir,mas a poesia esclarece ...
Tenha um final de semana abençoado!
Abraços fraternos de paz e bem

Marta Vinhais disse...

Estamos todos num barco à deriva...às vezes, ficamos calados, outras, gritamos.
Chegaremos a bom porto? Espero que sim..
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta

Isamar disse...

Olá querido amigo Jaime,
Se somos aldeias ou cidades, por vezes, depende de como reagimos perante as situações que a vida nos coloca.

Gostei muito desta passagem:
"Em todo o caso, debato-me enleado
na força que não faço das fraquezas
e sinto-me roubado no absurdo das certezas
perante as verdades consertadas."

Palavras sempre cuidadas, inteligentes e sábias! Amei mais esta bela poesia!!!

Bom fim-de-semana!
Beijinhos

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Mais um belo poema de que gostei bastante amigo Jaime.
Um abraço e bom fim-de-semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

NASSAH disse...

Lindo poema

A Paixão da Isa disse...

pois acho que é o que muitos de nos fazemos essa pergunta heh muito bonito o poema bjs

Tais Luso de Carvalho disse...

Perfeito, belíssimo poema, amigo Jaime, por vezes nos sentimos assim diante de tantos absurdos, parece que diante dos poderes não somos ninguém, os olhares vão em outras direções, menos nas nossas.
Aplausos para tão belo poema!
beijo, um bom fim de semana!

Ou serei, estranhamente,
um corpo só, que na poesia se arrima
para melhor se calar?
Melhor explicado, pois também
não sei dizer tudo aquilo que não sou,
o que sou, já nem eu sei.

redonda disse...

Gostei e é um poema para pensar.
um beijinho e bom fim-de-semana

Juvenal Nunes disse...

A vida coloca-nos interrogações, na necessidade de uma busca por nós próprios, onde por vezes mos sentimos enleados "perante as verdades consertadas".
A força do poema alerta-nos para o valor e sentido da vida.
Saudações poéticas.
Juvenal Nunes

Sandra Figueroa disse...

Nunca sabremos realmente lo que somos.... Profundo poema. Saludos.

Ailime disse...

Bom dia Jaime,
Belíssimo poema.
Entre a aldeia e a cidade vamos vegetando neste atual mundo estranho.
Um beijinho e um ótimo fim de semana, com saúde.
Ailime
(respondi ao seu desafio).

Graça Pires disse...

Somos tudo o que quisermos, Jaime. E uma coisa é certa: és um Poeta...
Um bom fim de semana.
Um beijo.

Fá menor disse...

Por vezes somos assim, corpos perdidos de nós...
No entanto, temos de erguer a cabeça bem acima dos muros que se levantam, esculpir poesias com o olhar, espalhá-las pelos rios que nos correm na alma e ser luz, cor e mar.

Bom fim-de-semana, amigo Jaime.
Beijinhos.

Ygraine disse...

In this world of uncertainties, who are we?
The question we are all asking ourselves at this moment in time, this globally shared moment that draws us together more powerfully than ever before.
Oh Jaime...your words have touched me Soul deep.
You are not alone in this...I, your reader and friend, am not alone in this...we are together!
A truly beautiful and deeply moving poem.😊😊

Have a great weekend...and stay safe.

Kisses xxx

SOL da Esteva disse...

Somos partes do Mundo! Bem o dizes no teu magnífico Poema.
Parabéns, Jaime. Adorei.


Abraço
SOL

Luísa Fernandes disse...

Olá querido Jaime!
Quanto a ser ou não ser, neste momento ninguém sabe bem quem é... nem o porquê de tudo... nem o porquê de nada! Mas posso dizer que és um excelente Poeta e um bom amigo. Quanto ao fenómeno pandémico é um segredo que ninguém sabe desvendar, só Deus terá resposta. Jaime, gostei muitíssimo da tua inspiração poética. Parabéns!
Beijinho de paz e continuação de bom fim de semana.
Luisa

Teresa Almeida disse...

Sou do teu pelotão. Sei lá! Só sei onde me arrimo.

Fantástico poema, meu amigo Jaime.

Um beijo.

Elvira Carvalho disse...

Um belíssimo poema.
Abraço, saúde e bom domingo

Humberto Maranduva disse...

"Não sei se de mim saberei algo" foi o título que dei ao meu mais recente romance, tendo em conta que só é possível dar-nos conta de quem somo através da interação com o outro, numa relação de inter-subjectividade capaz de nos alertar para as diferenças que nos preenchem e nos completam. Nada somos sem o outro.
O seu poema, caro Jaime, consegue equacionar toda esta problemática, de uma forma leve e ousada, configurando um conjunto de correlações muito bem arquitéctadas, onde a essência poética não deixa nunca de estar presente.


Um abraço.

Duarte disse...

Claro que sabes, e como escreves!
É a realidade que nos toca viver. Mais ainda quando alguém passa de lado e olha com nojo. Que realidade!!!
Gostei deste sentir teu com o qual me identifico.
Abraços de vida

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

JP

um bom poema
e se nao sabes quem és
o Poeta sabe
mas, faz que nao sabe...

adorei o poema!

bom domingo!

beijinhos

:)

Reflexos Espelhando Espalhando Amig disse...

Jaime,
É bem verdade que nem
sabemos mesmo.
Lindos versos.
Bjins
CatiahoAlc.

Rosemildo Sales Furtado disse...

Mais um belo poema, este que ora nos ofertas. Parabéns!

Abraços e uma ótima semana para ti e para os teus.

Furtado

A Casa Madeira disse...

Eu gostaría de ser "gota que perdura imiscível".
Boa semana.

Alice Alquimia disse...

Somos poetas e amantes de poesias.

Amélia disse...

Fabuloso poema,li e reli. Gostei muito.
Continuação de excelente semana.

Ana Simões disse...

Vamos flutuando neste mar de incertezas esperando atracar em bom porto...

Lindo poema amigo Jaime Portela.

Saúde!!

Majo Dutra disse...

~~~
«SÓ SEI QUE NADA SEI»...

SÃO AFIRMAÇÕES DE HOMENS SÁBIOS...

Magnífico poema, estimado amigo!

Abraço afetuoso.
~~~~

Mariazita disse...

Meu caro Jaime
Qualquer coisa (?) me levou a vir aqui confirmar o meu comentário. Não o encontrei.
Como penso que, para tudo, há uma explicação lógica… a que encontro é ter-me esquecido de clicar em “Publicar”.
Por sorte (?) houve um motivo particular que me “segredou” que guardasse todos os comentários que fiz nesse dia – em blogs e no Face. E assim pude recuperá-lo e aqui o tens, com o meu pedido de desculpas:

Nos tempos conturbados que vivemos muitos de nós se sentem à deriva, sem saber quem são nem para onde vão…
Tu expões esse “drama” (para alguns é um verdadeiro drama) duma forma clara e concisa , neste lindo poema.
Parabéns.

RE – Fico feliz por teres visionado o vídeo da minha entrevista. Costuma-se dizer “o que não te mata torna-te mais forte”, e assim é, de facto. As dificuldades por que passamos fortalecem-nos e, no meu caso pessoal, deram-me uma perspectiva de análise que, sem dúvida, influenciaram toda a minha vida.
Obrigada, querido amigo Jaime.

Bom Fim-de-semana
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS



Reflexos Espelhando Espalhando Amig disse...

Jaime,
A gente já não sabe
de tanta coisa...
Lindos versos.
Bjins de boa nova semana
CatiahoAlc.

Teresinha da Música disse...

Acho que nós nunca sabemos aquilo que somos e aquilo que viremos a ser,o mais importante é aproveitar a vida ao máximo,tudo o resto não importa!!

Ana Freire disse...

Um poema brilhante, que nos induz à reflexão... sobre nós mesmos... sobre o mundo... sobre nós no mundo... e o mundo em nós... e nos tempos que correm... tal tarefa não nos é mesmo nada facilitada, nestes tempos tão estranhos e conturbados...
Adorei ler! O "só sei que nada sei" nunca esteve tão perto da verdade de todos nós... e tão na sua máxima assertividade!...
Beijinhos
Ana