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quinta-feira, 1 de setembro de 2022

Morremos [432]

 


Morremos à visão branca

da luz que há na vontade acrítica

da espinha dorsal do querer

irrefragável,

no arder dos abraços

e no pegar do fogo espontâneo do corpo

sempre que a pele se abarca.

 

A barca do teu sorriso,

nas velas preciso, tão sedutor,

é uma nau muito amada, absolvida

por do cais não saber desatracar

[abriga-nos],

porque é sabido e ressabido

que os olhos são da verdade uma jura.

 

Perjúrio,

seria se o vento secasse da ideia

a embriaguez dos sentidos,

estrebuchando como viúva,

a carpir,

no inferno intestino em lágrimas perdida

ou com o anzol espetado na boca.

 

Desbocados,

no sentir,

onde afluem todas as auroras retidas,

morremos para nos acrescentarmos

em reiteradas frases de chuva dourada na pele.

 

© Jaime Portela, Setembro de 2022


32 comentários:

Marta Vinhais disse...

A paixão... a vela abraçada pelo Vento e beijada pela Chuva....
Lindo...
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta

- R y k @ r d o - disse...

Como sempre mais um poema BRILHANTE. Elogiável inspiração poética.
O amor é lindo... saber vivê-lo é sublime.
.
Cumprimentos poéticos
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.

Os olhares da Gracinha! disse...

... morremos para nos acrescentarmos... (🙏)... 👏👏👏

Cláudia disse...

Que forte, muito bonito!

Feliz dia

Janita disse...

Para além da morte definitiva da matéria de que é feito o corpo humano, por um motivo ou por outro, todos morremos um pouco, por algo, devido a algo, ou por alguém.
Envolto em metáforas se constrói um belo poema.

Um abraço, caro Jaime.
Gostei do que li e entendi.

Porventura escrevo disse...

Uma visão de desencanto.
Poderosa.
Gostei Jaime.

brancas nuvens negras disse...

Morremos, sim, e isso é uma pena.
Um abraço.

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Gostei.
Um abraço e continuação de uma boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados

São disse...

Morte , mas com renascimento...

Meu amigo, que tenhas feliz Setembro.

Te abraço :)

AMALIA disse...

Me gustó mucho el poema.
Excelente.
Un abrazo.

silvia de angelis disse...

Una realtà che ci coinvolge tutti, molto ben delineata nei tuoi apprezzati versi.
Un caro saluto,silvia

Fá menor disse...

"frases de chuva dourada" é de que é composto todo este teu belo poema!

Beijinhos e tudo de bom!

Manuel Veiga disse...

belo poema. profundidade de pensamento e excelente organização formal
grande abraço, meu caro amigo

J.P. Alexander disse...

Triste y melancólico poema. Te mando un beso.

Pedro Coimbra disse...

Neste caso a morte foi bela.
Abraço, bfds

Majo Dutra disse...

Excelente hino em louvor de uma paixão irrefragável de 'desbocados no sentir', em que se morre para se acrescentar...
Fiquei a a admirar o interessante enlace das estrofes...
Poema verdadeiramente belo!
Bom fim de semana. Abraço, amigo.
~~~~~~~~~

Regina Graça disse...

Muito haverá para acrescentar e para morrer, todos os dias, se for preciso!

Beijinhos, bom fim de semana

Duarte disse...

Aquilo que a memória arquiva até pode servir para um fim assim, menos doloroso.
Beleza no verso.
Acabo de perder um bom amigo e sentir aquilo que expressas.
Forte abraço de vida

Mr. Vertigo disse...

Ao ler este poema recordei-me de um filme de Alain Resnais.
Desejo-lhe um bom fim-de-semana!
Um abraço!

Mário Margaride disse...

Boa noite, caro amigo Jaime,
Mais um belíssimo poema aqui nos presenteia, onde o amor esvoaça ao sabor do vento, das palavras do poeta.
Parabéns, pela inspiração!
Votos de um excelente fim de semana, com muita saúde.
Abraço amigo.

Mário Margaride

http://poesiaaquiesta.blogspot.com

Luiz Gomes disse...

Boa tarde meu querido amigo Jaime. Texto maravilhoso e brilhante. Bom final de semana.

Olinda Melo disse...


É quase um caminho marítimo esse,
onde a barca abarca a dimensão
desse fogo que o vento não consegue
apagar, antes revoluciona e aumenta.

Bom fim de semana, amigo Jaime.
Abraço
Olinda

Cidália Ferreira disse...

Poema sublime! :)
-
Soltam-se raios de sol pelas fendas da manhã

Beijos. Bom fim de semana.

stella disse...

Morir sumando donde fluyen los amaneceres ¿quee precioso poema Jaime, cada una de las metáforas supera a la anterior
Te felicito, un abrazo y buen fin de semana

teresadias disse...

Cito Victor Hugo: “Quem sabe amar sabe morrer.”
Amigo Jaime, continuas a poetizar maravilhosamente bem. Parabéns!
Gostei de te ver... lá. Obrigada.
Beijo, bom fim-de-semana.

SOL da Esteva disse...

Poema profundo, sensível, brilhante...
Parabéns, Jaime.


Abraço
SOL da Esteva

lis disse...

Sim Jaime morremos nas lembranças e saudades
desse 'arder dos abraços' e desse abrigo.
E aprendemos a desatracar em dias de ventos fortes.
Meu abraço e que a semana seja leve.


Paula Saraiva disse...

Lindíssimo poema.
Beijinhos

MARILENE disse...

Morremos, literalmente, e morremos dentro do sentir. Os mares de seus versos são ricos em linguagem e manifestação poética. Grande abraço.

Lucia disse...

Olá caro Jaime.
Bonito poema.
Se estas vivo, em algum momento terás que morrer, mas que seja de prazer, o prazer e a alegria que teve no seu viver.
Boa semana.
Beijos!

Maria Lucia (Centelha) disse...

Um erudito esse poeta, cujo vocabulário rico, e metáforas brilhantes , me causa admiração. Bravos, Jaime!!
Beijo carinhoso.

Ana Freire disse...

Mais um poema notável, muito bem idealizado e alicerçado numa sucessão de deliciosas metáforas!
Beijinhos
Ana