Adormeço nos meus pantanais
porque não sou capaz
de ficar eternamente acordado.
Nas mãos,
tenho sempre algumas palavras de pão.
Há crocodilos à porta da raiva
que certas criaturas transportam no sangue
e há ervas daninhas que eu não como.
Nem sequer os animais
delas se alimentam, de resto,
pois desconfio que eles têm sonhos
parecidos com os meus.
E concluo, por isso,
ainda que a dormir nesta malha
pejada de caretas agrestes
e entalado nestes espinhos
de desordenada probatória
tudo seja enevoado,
que há uma selva de crocodilos
que limita os seres vivos
à sua existência madraça, mas veloz.
E que, para sobrevivermos,
não bastam palavras de pão,
temos que andar com facas nos dentes,
lícitas, mas que assassinam
qualquer sorriso nos lábios.
© Jaime
Portela, Maio de 2023
26 comentários:
Fujamos desses crocodilos que nos cercam que nem palavras de pão afastam!!! Linda poesia! abraços, chica
Grande profundidade nos versos, Jaime.
Adorei.
Excelente alegoria da selva de betão em que o mundo mergulhou.
A lei que vigora é a do salve-se quem puder...
Um abraço, Jaime.
Difendersi sempre dagli agguati della vita, ma col sorriso sulle labbra...
Versi apprezzati, un saluto, silvia
Gostei deste excelente poema amigo Jaime.
Um abraço e continuação de uma boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados
Perfeito, eu vejo e sinto o mesmo,
e não creio nesse mundo que virou selva há muito,
habitada por muitos seres selvagens.
Um poema que é a pura verdade, Jaime,
desnuda por completo o mundo em que vivemos.
Uns lugares mais civilizados, mas poucos.
Te aplaudo!
Uma boa continuação de semana.
Beijo, amigo.
Olá, amigo Jaime!
Profundíssimo e muito bem detalhado...
A selva em que vivemos é por demais castradora em todos os sentidos.
Há que se andar com a navalha nos dentes... como bem poetou. é lamentável!
Algo a nos espreitar a todo instante prestes nos devorar com o leão que ruge, no sentido bíblico também fica claro.
Um dom ímpar no poetar seu, aplausos!
Tenha dias abençoados!
Abraços fraternos de paz
Muy real y profundo tu poema.
Muy bueno.
Un abrazo.
Sorriso de crocodilos, convencem, não os assassinemos com o pão das palavra. Já as lágrimas dos ditos cujos, ui, transformam a selva em lamaçal...
Admirável, Jaime, a sua amplitude poética!
Forte abraço
Não faltam crocodilos de dentes afiados, prontos a darem-nos umas boas dentadas.
É assim esta selva onde estamos inseridos.
Excelente poema, caro amigo Jaime.
Gostei muito.
Continuação de ótima semana!
Abraço amigo.
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
Olá caro Jaime
Isso aí poeta, temos que ficar atentos, seja nas mãos e no sorriso.
Todo o cuidado é pouco.
De olhos nesses crocodilos.
"temos que andar com facas nos dentes,lícitas, mas que assassinam qualquer sorriso nos lábios.
Bom restinho da semana.
Beijo!
Adorei o duplo sentido, pelo menos assim interpretei.
Boa tarde
Temos maus sonhos e quando acordamos ainda persistem os fantasmas.
Um abraço.
Um poema fabuloso :))
.
Gotas de orvalho em enredo...
.
Beijo, e uma boa noite
Fuerte y profundo poema, que placer leerlo, gracias por compartir.
Abrazo
Fantástico,Jaime!
Uma selva pejada de crocodilos
è espera de um deslize nosso.
Nem podemos dormir nesse pantanal,
não vá o diabo tecê-las.
O estado vígil será o nosso lema.
Boa sexta-feira, meu amigo.
Abraço
Olinda
Profundo pema nos ha ce pensar en la realidad actual Te mando un beso.
Ci sono versi sublimi anche se estrapolati dal contesto, per esempio:
"Ci sono coccodrilli alla porta della rabbia
che certe creature portano nel sangue"
Olá, caro amigo Jaime,
Passando por aqui, relendo este excelente poema que muito gostei, e desejar um Feliz fim de semana, com muita saúde.
Abraço amigo.
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
Inquietante este seu poema, meu Amigo Jaime.
Um bom fim de semana.
Um beijo.
Belo, profundo e um tanto metafórrico poema Jaime. Parabéns!
Abraços e um ótimo final de semana para ti e para os teus.
Furtado
Verdadeiramente o mundo onde vivemos é uma selva.
A maioria dos seres tornou-se selvagem e não se identifica como ser humano. Chamar Lei do mais forte aqueles que têm o poder selvagem, é coisa pouca.
Crocodilos! Pois...
Excelente, Jaime.
Abraço
SOL da Esteva
Um mundo que desconhecemos, onde se perde facilmente o rumo...
Interessante como sempre....
Beijos e abraços
Marta
Infelizmente por vezes sentimos, que à nossa volta há uma selva a querer atacar-nos.
Profundo e belo poema.
Beijinhos
São tantos os predadores à solta!!
Abraço
Compreendo muito bem.
Estamos rodeados de feras...
Tudo de bom, amigo Jaime. Beijinhos.
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