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segunda-feira, 23 de junho de 2025

No palácio [621]

 


No palácio

não há assento para todos os deuses políticos

que se rejeitam uns aos outros,

que procuram o poder

com ideais que vão caindo no estrume

se ainda não o são.

Sem limites,

cada um promete tudo a todos

e a coerência e a impossibilidade

são assobios e pios inaudíveis

que passam ao lado das caras de pau

que fazem simulando uma visão que não têm.

E nós desfrutamos da festa

na comunhão das promessas de um dos deuses.

Ou viramos as costas a todos

à espera que D. Sebastião

chegue numa manhã de nevoeiro

ou porque preferimos lavar as mãos como Pilatos.

 

 

© Jaime Portela, Junho de 2025


13 comentários:

chica disse...

Nesse palácio, na verdade, as vaidades imperam e certas vezes, um quer a cabeça do outro comer,rs... abraços, linda semana! chica

ematejoca disse...

A sua análise poética, Jaime, captura com maestria a crítica às ilusões e às promessas vazias do poder político, trazendo uma reflexão poderosa sobre a nossa participação e esperança. Muito bem escrito.
Abraço da aldeia do Düssel, desejando-lhe uma semana cheia de paz e amor.

Roselia Bezerra disse...

Olá, amigo Jaime!
Que poema!
Um retrato fiel da sociedade como um todo.
Creio que lavamos as mãos atualmente para o mundo chegar onde chegou.
Agora, resta para quem crê tão somente, deixar a solução nas mãos de Deus
Tenha uma nova semana abençoada!
Abraços fraternos

Mário Margaride disse...

Olá, amigo Jaime
De facto assim é. Mas no fundo, com mais palavreado menos palavreado, são todos uma cambada de oportunistas. Da esquerda à direita.
Bem pode o zé pagode esperar pelo D. Sebastião, que de certeza não chegará.
Excelente e corrosivo poema, que muito gostei.

Abraço amigo e feliz semana com tudo de bom.

Mário Margaride

Vanessa Vieira disse...

Um poema e tanto Jaime! É muito político para pouco assento. A sede por poder é grande. Tenho medo!

São disse...

Estupenda crítica aos vendilhões de promessas e à apatia popular.

O que mais me dói é a impotência face aos crimes e aos desmandos que nos entram diariamente pelos televisores dentro e estou farta de "especialistas" de tudo e mais alguma coisa, alguns bem tendenciosos.

Abraço, boa semana.

Graça Pires disse...

O vazio das promessas feitas pelo poder são uma reflexão que todos temos que fazer sobre a nossa indiferença, que nos torna cúmplices do que nos deixa indiferentes. Uma excelente poema, meu Amigo Jaime.
Uma boa semana.
Um beijo.

Jovem Jornalista disse...

Bela poesia. Obrigado por compartilhar.

Boa semana!

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Até mais, Emerson Garcia

Marta Vinhais disse...

Apenas as palavras são diferentes... porque a mensagem é a mesma....
Beijos e abraços
Marta

Eros de Passagem disse...

No tempo da ditadura do lado de cá, havia um ministro que sempre que perguntado sobre as mazelas do pais, dizia: Nada a declarar, como Pilatos, ele lavava as mãos. Essa é a crua realidade em que vivemos aqui também do outro lado Atlântico. O seu texto é primoroso.
Uma boa semana, meu caro poeta!

Lucimar da Silva Moreira disse...

Na política cada um quer um assento pra ter poder e mais nada, Jaime abraços.

Campirela_ disse...

Gracias, por tu visita.
Me gusta que la poesía se involucre con las carencias de la soledad que nos rodea.
Si hay algo que llega a todos son las palabras.
Un saludo.

AMALIA disse...

Muy certero poema!.
Lo has descrito muy bien.
Te felicito.
Feliz semana.
Un abrazo.