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segunda-feira, 23 de junho de 2025

No palácio [621]

 


No palácio

não há assento para todos os deuses políticos

que se rejeitam uns aos outros,

que procuram o poder

com ideais que vão caindo no estrume

se ainda não o são.

Sem limites,

cada um promete tudo a todos

e a coerência e a impossibilidade

são assobios e pios inaudíveis

que passam ao lado das caras de pau

que fazem simulando uma visão que não têm.

E nós desfrutamos da festa

na comunhão das promessas de um dos deuses.

Ou viramos as costas a todos

à espera que D. Sebastião

chegue numa manhã de nevoeiro

ou porque preferimos lavar as mãos como Pilatos.

 

 

© Jaime Portela, Junho de 2025


44 comentários:

chica disse...

Nesse palácio, na verdade, as vaidades imperam e certas vezes, um quer a cabeça do outro comer,rs... abraços, linda semana! chica

ematejoca disse...

A sua análise poética, Jaime, captura com maestria a crítica às ilusões e às promessas vazias do poder político, trazendo uma reflexão poderosa sobre a nossa participação e esperança. Muito bem escrito.
Abraço da aldeia do Düssel, desejando-lhe uma semana cheia de paz e amor.

Roselia Bezerra disse...

Olá, amigo Jaime!
Que poema!
Um retrato fiel da sociedade como um todo.
Creio que lavamos as mãos atualmente para o mundo chegar onde chegou.
Agora, resta para quem crê tão somente, deixar a solução nas mãos de Deus
Tenha uma nova semana abençoada!
Abraços fraternos

Mário Margaride disse...

Olá, amigo Jaime
De facto assim é. Mas no fundo, com mais palavreado menos palavreado, são todos uma cambada de oportunistas. Da esquerda à direita.
Bem pode o zé pagode esperar pelo D. Sebastião, que de certeza não chegará.
Excelente e corrosivo poema, que muito gostei.

Abraço amigo e feliz semana com tudo de bom.

Mário Margaride

Vanessa Vieira disse...

Um poema e tanto Jaime! É muito político para pouco assento. A sede por poder é grande. Tenho medo!

São disse...

Estupenda crítica aos vendilhões de promessas e à apatia popular.

O que mais me dói é a impotência face aos crimes e aos desmandos que nos entram diariamente pelos televisores dentro e estou farta de "especialistas" de tudo e mais alguma coisa, alguns bem tendenciosos.

Abraço, boa semana.

Graça Pires disse...

O vazio das promessas feitas pelo poder são uma reflexão que todos temos que fazer sobre a nossa indiferença, que nos torna cúmplices do que nos deixa indiferentes. Uma excelente poema, meu Amigo Jaime.
Uma boa semana.
Um beijo.

Jovem Jornalista disse...

Bela poesia. Obrigado por compartilhar.

Boa semana!

O JOVEM JORNALISTA está no ar cheio de posts novos e novidades! Não deixe de conferir!

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Até mais, Emerson Garcia

Marta Vinhais disse...

Apenas as palavras são diferentes... porque a mensagem é a mesma....
Beijos e abraços
Marta

Eros de Passagem disse...

No tempo da ditadura do lado de cá, havia um ministro que sempre que perguntado sobre as mazelas do pais, dizia: Nada a declarar, como Pilatos, ele lavava as mãos. Essa é a crua realidade em que vivemos aqui também do outro lado Atlântico. O seu texto é primoroso.
Uma boa semana, meu caro poeta!

Lucimar da Silva Moreira disse...

Na política cada um quer um assento pra ter poder e mais nada, Jaime abraços.

Campirela_ disse...

Gracias, por tu visita.
Me gusta que la poesía se involucre con las carencias de la soledad que nos rodea.
Si hay algo que llega a todos son las palabras.
Un saludo.

AMALIA disse...

Muy certero poema!.
Lo has descrito muy bien.
Te felicito.
Feliz semana.
Un abrazo.

María disse...

Totalmente de acuerdo contigo, querido amigo, los políticos solo buscan el poder, y cuando están, se vuelven corruptos, no miran por los ciudadanos, solo miran su ombligo y no sueltan el sillón.

Besos.

Duarte disse...

Passam a vida prometendo e nunca cumprindo.
E nós, com essa ilusão de sempre.
Não sei se leste o "Pasteleiro do Madrigal" aí temos o que lhe passou ao nosso desejado Sebastião.
Uma boa semana com um forte abraço

lis disse...

Aqui é o 'Eldorado' _ há abundância de 'caras de pau' Jaime Portela.
Ou lavamos a mãos ou nos emporcalhamos junto _vamos seguindo Pilatos. Seus poemas e nossas reflexões possíveis. ...
Obrigada pela companhia nas segundas feira. Um abraço.

Ailime disse...

Boa noite Jaime,
Um poema magnífico sobre a realidade política com que somos confrontados.
Todos querem poleiros, mas nada fazem que beneficie o povo.
Enquanto isso acontece assistimos impávidos e serenos, como se estivesse tudo bem.
Parabéns pela inspiração.
Beijinhos e uma boa semana, amigo Jaime.
Emilia

brancas nuvens negras disse...

O povo é que sofre mas... colabora.
Boa semana.
Um abraço.

Aleatoriamente disse...

Jaime, que punhal elegante este teu poema.
Entre os deuses políticos e as caras de pau, criaste uma imagem ácida, lúcida e tristemente atual. O estrume dos ideais é uma metáfora que gruda porque dói, mas não é exagero. E essa espera por D. Sebastião ou o gesto lavado de Pilatos dizem tanto sobre o desalento coletivo…
A tua escrita é um refletir sem filtro, mas com arte. Obrigada por essa lucidez que incomoda e ilumina ao mesmo tempo.

Um abraço com admiração.
Fernanda!

Lucia disse...

Olá caro Jaime.
Tudo igual, só muda o endereço (país)
Belo desabafo amigo poeta.
Suave seja a sua semana.
Beijo!

J.P. Alexander disse...

Profundo poema. Me gusto mucho. Te mando un beso

Teresa Isabel SIlva disse...

Os meus parabéns pela reflexão que nos trouxe!

Bjxxx,
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Pedro Coimbra disse...

Curiosamente estamos em período de entrega de listas em Macau.
E o que se promete!!!!
Abraço, boa semana

TORO SALVAJE disse...

Todos prometen y ninguno cumple...
Conmigo que no cuenten.

Os olhares da Gracinha! disse...

Uma forma subtil e poética de um alerta bem atual e pertinente!👏👏👏😘

Eduardo Medeiros disse...

Levamos esses deuses muito à sério; já passou o tempo de pararmos de queimar sacrifícios em seus alteres.

Janita disse...

Nós, não somos mais do que uma espécie de bobos da Corte desse Palácio...

Beijinho, Jaime!

Janita disse...

Nós, não somos mais do que uma espécie de bobos da Corte desse Palácio...

Beijinho, Jaime!

DULCINEA DEL ATLANTICO disse...

Muy acertado tu poema .
Un abrazo Jaime
Puri

Regina Graça disse...

Citando Pessoa: “Os Deuses vendem quando dão. Compra-se a glória com desgraça.”
Beijinhos

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

Boa tarde JP
Um poema que nos lança para o teatro críptico do poder, onde os deuses políticos, em vez de guiarem, tropeçam nas suas próprias promessas.
Com ironia mordaz e imagens densas, o autor retrata um palácio sem trono firme, onde a fé cega e a desistência partilham lugar.
Um retrato lúcido, tão actual quanto intemporal.
Para reflexão.
Boa semana com saúde e Poesia.
Deixo um abraço.
:)

Olinda Melo disse...

Olá, Jaime
Mais uma farpa para este tempo de irresponsabilidade
e desatino. Esperamos pelo salvador em vez de fazermos
alguma coisa para inverter a situação. Ou então, assobiamos
para o lado porque é mais prático.
Uma reflexão a fazer ...
Abraço
Olinda

Cláudia disse...

Adorei, fortíssimo e verdadeiro.

Juvenal Nunes disse...

Se "nós" somos o povo algo mais se podia e devia esperar da sua postura.
Sabemos, contudo, que os "cravos" não são omnipresentes.
Abraço de amizade.
Juvenal Nunes

Ana Tapadas disse...

Que bem nos dizes, o mal que nos fazem!
Estamos entregues a palavras ocas e seres assustadoramente vazios de ideais.
Beijinho, meu amigo

Meulen disse...

La verdad es que seguirán sentados ahí, mientras existan otros que sigan creyendo en sus ideas humanas, que dan algo de una esperanza que a poco andar se diluye en las manos...
Abrazo.

Pedro Luso de Carvalho disse...

Olá, caro Jaime, esse seu belo poema é uma verdadeira
arma contra os políticos, que tiram tudo o que podem do povo,
que fazem promessas nunca cumpridas e que aumentam suas contas bancárias. Assim deve ser em Portugal, assim é no Brasil.
Um bom fim de semana
Grande abraço, amigo.

Garfield disse...

Como diz na dramaturgia: o rei está nu!

SPOILER ALERT! 😺

Nova tirinha publicada.

Abraços 🐾 Garfield Tirinhas.

snobe casamang disse...

You have a nice style in writing your poems, wish you a happy friday.

Tais Luso de Carvalho disse...

Esse meio político é desprezível, Jaime, nada temos mais a fazer
a não ser espalhar o que vemos e o que o povo passa, a vergonha escancarada! Não creio que algum dia isso se resolva, virou vicio no meio em que trabalham! O ar está poluído demais por lá...
Bjs, amigo. Gostei muito.

Mário Margaride disse...

Olá, amigo Jaime
Passando por aqui, para desejar um bom fim de semana, com tudo de bom.

Abraço de amizade.

Mário Margaride

http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com

SOL da Esteva disse...

Em lugares onde há vaidade
Lá se vai a compostura.
Não precisa ser verdade.
Basta apenas a usura
E falta de lealdade.

Belo, o teu trabalho, Jaime.
Parabéns.

Abraço amigo.
SOL da Esteva

Catiahô do Espelhando disse...

Jaime,
Hoje vim ler
seus versos,
refletir a respeito
e deixar minha gratidão
por conhecer Poetas
genuinos como você.
Ótima nova semana
pra nós.
Bjins
CatiahôAlc.

Mário Margaride disse...

Olá, amigo Jaime
Passando por aqui, para desejar uma feliz semana, com tudo de bom.
Abraço de amizade.

Mário Margaride

http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com