Se moras nos subúrbios da vida
e sonhas na floresta das tuas fantasias,
ao teu remanso verde,
por certo imaturo,
nem os rumores dos teus gestos se mostram.
Se repousas nos teus sonhos
como se fossem searas imensas,
dos cálices da tua renúncia
apenas ingeres o choro de falsa viuvez
e nem vês os comboios que passam por ti.
Então, os dias claros,
o céu limpo sem nuvens
e o piano que espera as tuas mãos,
num bucolismo ausente do som
do alvoroço polifónico da vida,
têm o paladar insípido do que não possuis.
E tudo não passa
de uma flauta mágica, mas silenciosa,
por onde passas repetidamente
a indiferença da pele a caminho do nada.
© Jaime Portela, Outubro de 2025
17 comentários:
A indiferença é a pior das coisas, penso eu.
Meu amigo, abraço e excelente resto de Outubro.
Que poema intenso e profundamente sensível 🌿 A forma como abordas a “indiferença da pele” é um grito silencioso sobre o que se sente e o que se esconde. As tuas palavras tocam e fazem pensar, com a força de quem sabe olhar além da superfície.
Com carinho, Daniela Silva 💜
alma-leveblog.blogspot.com
Convido-te a visitar o meu espaço de escrita 🌷
Olá talentoso Jaime! É mais um magnífico poema que fala de quem vive preso entre o sonho e o desânimo. Uma quietude triste, quase resignada! Um forte abraço para si 🤗
Olá, amigo Jaime.
Nada mais doloroso e desolador do que a indiferença.
E este poema, retrata de forma soberba esse sentimento.
Gostei bastante.
Abraço e boa semana!
Mário Margaride
"Que a vida nunca me pareça um lugar indiferente" escreveu José Tolentino Mendonça. É o que devemos fazer. Nunca ficar indiferentes perante a vida e viver cada dia como se fosse o único.
Um poema inspirado e inspirador.
Um beijo.
A indiferença... porque o nada assusta-nos... e temos que ser nós a lutar e a construir a partir desse nada...
Beijos e abraços
Marta
Arrasou nos versinhos.
Boa semana!
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Até mais, Emerson Garcia
Amigo poeta.
Esse seu poema pode ter várias interpretações, porque trás muitas imagens difrentes.
Comecei com imagens tranquilas de sonhos e pensamentos que quero parar minha vida e terminei com a perturbação da diferença da pele.
Muito bom, como todos que você escreve.
Poema num tom melancólico e introspectivo, explorando a distância entre o mundo interior do eu lírico e a vida ao redor. A “flauta mágica” que passa a indiferença da pele em direcção ao nada funciona como uma metáfora da vida que oferece uma promessa encantada, mas que, na prática, não toca nem transforma. O poema pinta um retrato de descolamento entre o impulso criativo sonhador e a realidade que o sufoca, mantendo um tom de lirismo triste e contido.
Abraço da amiga que como o piano espera o céu claro sem nuvens ⛅️
Muy reflexivo y bello poema.
Invita a meditar.
Feliz semana.
Un abrazo.
Linda poesia, meus parabéns.
Arthur Claro
http://www.arthur-claro.blogspot.com
Boa tarde de paz, amigo Jaime!
A indiferença mata... aos poucos, tudo termina no lixo do viver.
A 'pele' se resseca pela falta de diferenciação dos demais...
Excelente poema!
Tenha uma nova semana abençoada!
Abraços fraternos
É verdade, Jaime, um áspero deserto, aqui chamado de indiferença, pulsa diante de nós, e como dói.
Obrigado por este poema bem concebido!
Um grande abraço, poeta!
Un cantico introspettivo notevole, che induce a profonde riflessioni.
Buona settimana
E que bom é viver em estado de imaginação.
Boa semana.
Um abraço.
E nos subúrbios vivem tantos, amontoados em barracos, sonhando que um dia dali sairão . Sonham, lutam e rezam, mas ninguém os ouve , nem os homens, nem os deuses. Pelo menos, ali, é indiferente a cor da pele, a religião que professam, o tipo de trabalho que fazem; são todos iguais na indiferença a que são votados...
Se a cor da pele fosse diferente.....se não fizessem as suas orações em mesquitas...se não usassem véus, as mulheres, turbantes na cabeça, alguns homens...se...se...e se...
Tantos " Ses " e tanta " imposturice " no nosso pais. Amigo Jaime...
Não os queremos neste " cantinho de brandos costumes ", mas não os dispensamos em nossas casas, nas nossas indústrias, nos nossos campos, valorizando muito pouco o trabalho que fazem, trabalho esse que nós não queremos fazer.
Sabes, Jaime, o teu poema pode ter diferentes interpretações, mas, eu, escolhi esta e porquê? Porque choca-me as atitudes que têm, não só os nossos governantes, mas também o povo, em relação àqueles que escolhem o nosso país para terem uma melhor qualidade de vida, nós, portugueses, que tivemos de abalar para outras bandas, procurando o mesmo. É incompreensível...
Amigo, uma boa semana e saúde sempre,
Beijinho
Emília 🌻 🌻
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