Sem chave nem relógio,fechamos o nosso tempo,completamos o que ficou incompleto.Mas viverei com esse tempo,ainda que ele me habite inacabado.Ficará guardadono baú das minhas joias de corsário,até agora estranhamente devoluto.Predadores e presas,fomos vencidos,subjugados,mas também tornados livrespara depois desse tempo viver outras virtudes,porventura outros pecados.A chave desse baú,trago-a no bolso,para o abrir no futurosempre que de saudademe quiser encantar empanturrado.
Translater
quinta-feira, 24 de setembro de 2015
Sem chave nem relógio [037]
quinta-feira, 17 de setembro de 2015
Acredito em ti [036]
Sem o pedir,desvendaste-me as feridas dos teus olhos.Na tua boca,adivinhei um corpo de mágoasa precisar de abrigo no aconchego da madrugada[à nossa espera quieta, alucinante].Num impulso, senti que gostariade esperar o tempocom o rosto parado no teu peito de mar e tristeza,de ouvir as ondas de lobos-marinhos do teu sangue,de envolver com o meu sossego, feito leme,a tua candura de nuvem à deriva[presa na ilha que te cerca],de te amar sobre as pedras da tua praia,tornando-as areia.Acredito em ti, porque amanhã,se não tiveres a quem desvendar as feridas dos teus olhos,sei que vais saber como sorrir para ti própria.
quinta-feira, 10 de setembro de 2015
Canta [0035]
Canta, porque conheces o aroma do teu marnas asas do Pégaso que me habitabanhado pelo vento colorido do teu sal.Dança, porque adormeces anjono leito de fogo das minhas vigílias,urdido de estrelas sonhadas para ti.Voa, porque a saudade morrerá, continuamente,para lá da eterna praia do castelo onde sorrimos.
quarta-feira, 2 de setembro de 2015
Calendário de prisioneiro [034]
Até que o teu corpo claro me abrace leão,enquanto as nossas mãosvoam através das paredes nas asas do beijo original,temos os pulsos atados em brando lume de solpelos sóis que ainda faltam.Enquanto espero,vou fazendo cruzinhas num calendário de prisioneiro,emoldurando em chamas de saudadeo cintilar de cada noite numeradaà medida que as tuas asas te aproximam do ninho.Mas nesta espera de pulsos, cruzinhas e ninhos,descobri que as noites não são escurasporque tenho um calendário pendurado na paredeonde, todos os dias,acredito que não farei mais cruzinhas.
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