O tempo capitaliza as cifras
que dançam em labirintos de vidro e aço
ao som de uma música suave
que sai das forjas a fabricar canhões
para uma guerra bem longe.
O pulsar frenético do mercado,
em cliques metálicos,
vai trocando sonhos por números,
em transações de esperança
nas telas que piscam à velocidade dos mísseis.
Mas há quem sucumba à ganância,
vendo a sua ambição escorregar
para as mãos de vigilantes
que manipulam o vento
de ratings sombrios a instigar a queda.
Nas sombras, a pobreza persiste,
perpetuada pela indiferença egoísta
das forjas de ilusões nas mãos do poder,
que querem ver a sua riqueza, já desmedida,
sem nunca parar de crescer.
© Jaime Portela, Outubro de 2024