“Não
há dinheiro!
Qual
destas três palavras não percebem?”
Deixámos
de clamar por um emprego
porque
não eram empregadores,
por
subsídios, porque não eram um banco.
Gentinha
gastadora que não percebia
que
era a hora certa de emigrar…
“Não
há dinheiro!
Qual
destas três palavras não percebem?”
Só
um louco pensava
que
os direitos seriam eternos
já que
investiram muito dinheiro
para
nos mandar parar
de
pescar,
de
agricultar,
de
industriar…
E procurámos
trabalho lá fora
como
fizeram os nossos avós.
“Não há dinheiro!
Qual
destas três palavras não percebem?”
Desempregados,
não os queriam cá,
cambada
pobre do juízo e da carteira
com
sonhos excêntricos de reforma.
Que
fugíssemos enquanto era tempo,
porque
a fábrica de pobres
ainda
não chegara ao fim.
“Não
há dinheiro!
Qual
destas três palavras não percebem?”
Percebemos
e mandámo-los embora.
Afinal
nunca houve dinheiro
desde
o ouro do Brasil.
Mas
não ficámos à espera do Diabo
como
os dois velhos de Godot…
© Jaime Portela, Dezembro de 2019