Deambulei pelo cerne de caminhos
construídos à chuva de palavras
levando nos bolsos
promessas líquidas de carícias
derramadas pelas viagens do teu olhar.
Caminhei por avenidas carregadas
com o desejo traçado
por cem mãos de irrequieta centopeia,
a desaguar aturdidas no teu corpo
ao som de rugas enervadas de prazer.
Percorri-te na lenta vertigem do toque
desenhado na inquieta pele da espera,
incapaz de resistir à sede que inundava
as avenidas de um só destino, o nosso.
© Jaime Portela, Fevereiro de 2020