A tua pele,morena fortaleza nas areias ondulantes de silêncios,é um oásis onde a sede se dissolve devoradapelas águas transparentesque me ofereces na seda do teu peito.Os teus olhos,faróis cegos no desejo sem receio do delírio,são lemes que me acendem jeitospara transpor nevoeiros cosidos por ventos paradosnum mar de sombras sem terra à vista.A tua boca,arpão prendado a que me prendo,é a ponte libertária do teu rio a transpirar,rio escondido que transponho impacientena lareira que me sagras crepitante.Porque tu,moura embuçada em margaridas de mel ao luar,és o sol dos meus gestos domingueirosonde escrevo o rosário em que rezo, devoto,os mistérios do teu corpo de eremita.Jaime Portela