Estando
à mesa, não estou na mesa contigo.
Contudo,
foi bom termos jogado
enquanto
o jogo durou.
Acordei
na renúncia do teu fado
porque
o jogo da verdade terminou
por
falta de cartas não viciadas.
Ainda
que não te veja, nem tu me vês,
sei
que continuas a beber o vinho da fantasia
na certeza
de que o jogo continua.
Só
que , nesta trama de mãos deturpadas,
continuaremos
contrários
no segredo
do gato e do rato.
Mas previno-te
que podes ter adormecido gato
enquanto
eu como da realidade as espinhas
e,
ao acordares, eu ser um gato contigo.
© Jaime Portela, Outubro de 2020