No silêncio dourado da gaiola estreita
o canário eremítico canta a sua poesia,
as asas ansiosas buscam a liberdade desfeita
só que estão aprisionadas numa cruel agonia.
O trinado é um lamento, uma súplica silente,
pedindo aos céus a graça de voar além,
mas o voo é contido e o ânimo é carente,
está preso nas grades que lhe deu alguém.
Pobre canário na gaiola, símbolo da tirania,
as suas penas amarelas sonham com o azul do
céu.
Que triste sina a sua, tamanha dor, tão fria,
cantar aprisionado, perdido num cativeiro
cruel.
Que um dia, a gaiola se abra de par em par,
e o canário, então livre, possa finalmente
voar.
© Jaime Portela, Agosto de 2024