Agora é o tempo de acabar
com as capelas imperfeitas
e de sarar estigmas da leitura persistente
do olhar, quase só olhar pensado,
ainda que a braços com a memória
da alma desenhada a preservar.
Agora é o tempo de rasgar a fábula caduca
de Fénix das cinzas renascida,
aprendida num começo já remoto, e
espalhar a sorte
em pacato silêncio, serenamente,
nas cicatrizes do tempo sem lágrimas
pela fratura do gesto restaurador.
Agora é o tempo de aprumar,
sem despotismo, a razão extenuada,
e envergar a liberdade do fado
despindo a causa convertida obsoleta.
Agora é o tempo de juntar
as mil e uma sombras da casca embaraçosa,
que se azulava persuadida da luz,
até transformar a seiva em leite e mel.
Agora é o tempo de embalar
as mãos na carícia obstinada do pincel
que espalhe tinta na luz do sol faminta
e de matar a teia da noite surpreendida
de sozinha habitar a aldeia imensa.
Agora é o tempo justo de te amar.