Sabemos
que está na hora
de
empreendermos voos chãos,
sem
profundidade ou altura
[direi
mesmo inúteis].
É o
tempo de submergirmos em nós
e de
estrangularmos as veias,
para
que nelas suspendamos o andar.
Se
expulsar as esperas,
viro
o coração do avesso para te esgotar
e fica
o teu silêncio a sangrar-me.
Se
cortar os dedos do desejo,
vou
enterrá-los,
esperando
que cresçam sem asas para ti.
Mas
suspeito da eficácia do golpe fatal:
sou
um guerreiro como Ulisses
e
não te imagino a despir
a
Penélope que tens entranhada.
© Jaime
Portela, Fevereiro de 2022