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quinta-feira, 12 de maio de 2022

Estamos zangados com a lua [400]

 


Estamos zangados com a lua,
com o céu
e com o que se passa na rua.

Andamos com esta desavença
na mala onde guardamos
as inutilidades que conquistamos,
mas a nossa alma é a mesma:
é uma liga de inferno e paraíso
caldeada pela luz
e pelas trevas do que somos.

E somos apenas a convulsão
de uma coisa que não dominamos.

Mas vivemos,
porque somos génios da ambiguidade
entre o grande e o elementar,
engrenados na imperfeição
das rodas dentadas humanas.

 

© Jaime Portela, Maio de 2022


34 comentários:

Porventura escrevo disse...

Posturas dee espécie dominante
☺️

Elvira Carvalho disse...

Um poema muito, muito interessante.
Abraço e saúde

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Um excelente poema de que gostei.
Um abraço e continuação de uma boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

Emília Pinto disse...

" Calamos o que sentimos " umas vezes, por assim se fazer necessário, outras por cobardia e muitas porque sabemos da nossa pequenez perante o que se passa no mu do. Podemos até gritar que ninguém nos escutas. Aprendi, com o passar dos anos que, com determinadas pessoas e em certas circunstâncias, o melhor é guardar dentro de mim o que sinto, embora isso me cause uma certa tristeza; não gosto de guardar aquilo que , sei, deveria dizer, mas...enfim...guardo. Estamos a atravessar momentos preocupantes, onde vemos atrocidades inimagináveis cometidas por seres que se dizem humanos. Começamos a ficar zangados com a lua, com o sol e com as demais divindades que, apesar das rezas, dos pedidos, das energias positvas, não acodem ao choro das crianças, ao desespero de mulheres e homens que se veem obrigados a fugire dos misseis que caiem a toda a hora e em todo o lugar. Não têm direito sequer de olhar a lua, pois o escuro dos fumos a cobre por inteiro e, se ao amanhecer, o sol raiar, também ele se esconde imediatamente por trás das cortinas enegrecidas. Pobre gente, a que morre, a que foge, a que combate e também pobre daqueles que não têm o minimo de respeito pela vida humana. E nós, Jaime? Pobres de nós que, por mais indignados e zangados, temos de calar, pois ninguém quer saber da nossa mágoa. Nem mesmo a lua. Um beijinho, Amigo e desculpa a minha ausência. Ser avó é uma delicia, mas, de vez em quando, essa função torna-se mais exigente.
Emilia

Glória Vilbro disse...

Bom dia, Jaime
Andamos zangados, e nem sabemos bem o que queremos. E seguimos desconsoladamente pela vida, vegetando e não vivendo. Somos criaturas interessantes...
Gostei muito! Bom poema. Beijinhos:)

chica disse...

Lindo poema e por vezes as pessoas não sabem com quem se indignar, o fazem até com a pobre lua,rs...abraços, chica

Cláudia disse...

Super interessante! Deixou-me a pensar.

Um feliz dia

Mário Margaride disse...

Olá, caro amigo Jaime,
Esta constante inquietação faz parte da natureza humana. Nunca sabemos o que queremos, nem o que não queremos. E nesta ambiguidade e contradição, lá vamos caminhando...

Excelente poema!

Gostei muito.

Continuação de boa semana.

Abraço amigo.

Mário Margaride

http://poesiaaquiesta.blogspot.com

Franziska disse...

Porque somos genios de la ambigüedad entre lo grande y lo elemental, si lo he entendido bien, es un resumen genial de lo que somos. Así nos van las cosas pero de esta dualidad hemos crecido y, con ella a cuestas, hemos logrado un desarrollo asombroso: nuestra creatividad humana no tiene límites. Me ha gustado mucho este enfoque poético, saludos muy afectuosos y cordiales.

Duarte disse...

A lua, sempre ela a espiar-nos, nesse silêncio tão seu.
Mas é um bom elemento para a inspiraçõ.
Belo, aquilo que expressas em verso.
Os nossos movimentos lá vão ingrenando.
Forte abraço de vida

Marta Vinhais disse...

Andamos zangados, por vezes, temos vontade de gritar, mas acabamos por não o fazer....
Refilamos com o tempo, com a Lua, até com o Mar....talvez porque não sabemos como ninguém nos escuta, fechados que estão nas suas próprias desavenças.
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta

Maria Lucia (Centelha) disse...

... "mas a nossa alma é a mesma: é uma liga de inferno e paraíso caldeada pela luz
e pelas trevas do que somos." - destaco esses versos , porque me chamou a atenção pela coerência do que Gustav Jung estabeleceu em seus estudos da psique de que o homem traz em si: a luz e a sombra.
Quando a Lua nos inspira poesia, estamos luz. Quando nos zangados com ela, estamos sombra. Fantástico!! Mil parabéns poeta, por tua criatividade, talento e perspicácia. Adorei.
Beijo de luz.

Caterina disse...

Splendida poesia, molto veritiera. Complimenti Jaime, buona serata.

Ailime disse...

Boa tarde Jaime,
Outro poema que revela a alma inquieta do Poeta!
Somos por norma insatisfeitos e tudo ou quase nos desagrada.
A vida pode ser bela se apreciarmos as coisas mais simples que nos oferece. E é tanto!
Beijinhos,
Ailime

" R y k @ r d o " disse...

Poema lírico muito agradável de ler. Intenso, profundo, reflexivo. Gostei muito

Cumprimentos.

Beatriz Pin disse...

Asim somos, como bem dis, imperfectos, debaténdo noss sempre entre dualismos, atesourando o inservibel o que não podemos levar com noss ao final.
Gosto de poemas que fazem reflectir.
Meu abraço

brancas nuvens negras disse...

Estamos zangados com a lua, com o mundo mas o mundo também somos nós.

Paula Saraiva disse...

Olá, adorei o poema.
Quando estamos zangados, o mundo é sempre o primeiro que paga, porque ficamos tristes com tudo e todos.
Beijinhos.

Cidália Ferreira disse...

Gostei muito do poema. Obrigada pela partilha!

-
Soltam-se os versos nas asas do destino

Beijos, boa noite!

Lucia disse...

Olá caro Jaime.
Eu não me zango com a lua, nem com o céu, nem com a luz e o calor do sol, mas posso me zangar com o ser humano.
Bom resto de semana.
Beijo!

Dan André disse...

Boa noite, nobre poeta !
Gostei demais do seu espaço e da forma como escreve, e por aqui ficarei. Sua poesia é de uma interessante realidade, parabéns !

Deixo meu abraço fraterno, e a certeza de dias melhores.
Dan
https://gagopoetico.blogspot.com/2022/05/a-mesma-alma.html

Pedro Luso de Carvalho disse...

Olá, amigo Jaime,
quando o Poeta diz estar zangado com a Lua, certamente
tem boas razões para isso.
Fico a pensar o que farão os poetas sem o brilho da Lua?
Um bom final de semana, amigo Jaime.
Grande abraço.

J.P. Alexander disse...

Profundo poema que te hace reflexionar. Te mando un beso.

Pedro Coimbra disse...

Aqui estamos zangados com o sol.
O sacana desapareceu há uma data de dias.
Abraço, bfds

Rainbow Evening disse...

you depict human "greedy" brilliantly...

# Have a wonderful day

Fá menor disse...

Os tempos estão propícios às zangas...

E já não sei se vivemos ou se vamos sobrevivendo...

Beijinhos e siga a vida!

Os olhares da Gracinha! disse...

Não me consigo zangar com a lua... já com outros elementos 🤭... 👏👏👏 Bom fim-de-semana 🙏

Mário Margaride disse...

Olá, caro amigo Jaime,
Passando por aqui, relendo este excelente poema que muito gostei, e desejar um Feliz fim de semana, com muita saúde.

Abraço amigo.

Mário Margaride

http://poesiaaquiesta.blogspot.com

Kinga K. disse...

Me ha gustado un montón ♥

SOL da Esteva disse...

Interessante! Também concordo. Estarmos zangados com o que nos rodeia e não se ajusta ao nosso ser.
Magnifico, Jaime.
Parabéns.



Abraço
SOL da Esteva

Meulen disse...

Cada quien a su modo aprende a sobrevivir esta vida
que es solo responsabilidad nuestra saber como vivirla y que al final de los días
no nos encuentre vacíos...

Un abrazo.

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

Boa tarde JP
Um poema muito interessante e descncertante.
Acho que andamos zangados não é com a Lua é com outras coisas!
Continuação de um domingo Feliz.
Boa semana com muita saúde e harmonia.
Um beijo.
:)

Sandra Figueroa disse...

Reflexivo poema amigo Jaime. Saludos. Un placer leerte.

Isamar disse...

Querido Amigo Jaime, esplêndido este seu poema!
Muito profundo, faz-nos reflectir. Gostei muito.
Tenha uma excelente semana, beijinho!