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segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

À mesa do absurdo [589]

 


Por vezes, em noites de vigília,

sentimos a grandeza de sermos grandes

sendo pouco mais que insignificantes.

Experimentamos, com eloquência,

discursos sobre ideias

que nem um erudito monge diria

consubstanciado em Cristo

no remanso da sua cela de pedra.

 

À mesa do absurdo

concebemos teorias

como a conversão dos ímpios autocratas

e resplandecemos, boquiabertos,

no virtual ocaso da guerra

colocando o anel da resignação

nos seus dedos assassinos,

virando bondosos, esmeralda cravada

no seu desamor arrebatado.

 

De nada valem estas idiotices,

mas o confronto não nos derrota, liberta-nos,

porque temos a dimensão do que sentimos.

 


© Jaime Portela, Dezembro de 2024


40 comentários:

Roselia Bezerra disse...

Bom dia de Paz, amigo Jaime!
"Sendo pouco mais que insignificantes."
Em suma: somos apenas pó querendo nos passar por espanadores.
Uma inversão de valores reina no mundo.
Oxalá tomemos uma sacudida de que nada somos e a prepotência tenha fim!...
Na certa, as guerras se extinguiram.
Tenha um dezembro abençoado!
Beijinhos

Janita disse...

Neste mundo absurdo, servem-se as maiores atrocidades e disparates.
Só o Jaime, na sua infinita paciência com as palavras, ainda vai encontrando alguma razão para o descrever.
Um beijinho e boa semana.

Cláudia disse...

Não sei explicar, mas gostei.

Uma boa semana

Mário Margaride disse...

À mesa do absurdo, vemos pratos intragáveis, e seres ignóbeis a saciarem-se à volta da mesa. Onde o prato servido é intragável.
Excelente poema, amigo Jaime.
Gostei muito.

Abraço amigo e boa semana!

Mário Margaride

http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com

silvia de angelis disse...

S'ingrandiscono, nella notte, i nostri pensieri conducendoci a mete davvero inaspettate.
Buon mese di dicembre e un saluto

São disse...

Ah, sim... como seria bom que esses nossos devaneios se concretizassem!

O pior é que, desgraçadamente, as pessoas de boa vontade estão totalmente enjauladas numa férrea impotência.

Querido amigo, beijinho de boa semana e feliz Dezembro.

Graça Pires disse...

"sentimos a grandeza de sermos grandes
sendo pouco mais que insignificantes."
Tem razão meu Amigo Jaime. E quanto mais insignificantes mais ideias supostamente geniais tentamos partilhar com os outros. E nada valem. Um poema cheio de motivos de reflexão.
Uma boa semana.
Um beijo.

ematejoca disse...

Eu sou dona convicta da minha absurdidade.
Porém, os políticos não devem ser senhores de absurdidades chocarreiras.
A POESIA aqui é sempre forte e não tem papas na língua.
Uma linguagem que muito admiro.
Abraço amigo da aldeia do Düssel, na qual o céu se mostra rato cinza, melancólico.

Marta Vinhais disse...

Mas somos tão pequenos...e tudo torna-se absurdo...
Brilhante...
Beijos e abraços
Marta

AMALIA disse...

Un certero poema.
Unas letras admirables.
Feliz semana.
Un abrazo.

brancas nuvens negras disse...

Entretanto tomamos consciência da nossa irrelevancia individual. Mas, nessa pequena dimensão se associados, seremos uma força decisiva.
Boa semana.
Um abraço.

Andre Mansim disse...

Nos achamos grandes. Muitos se acham até o centro do universo.
Mas não somos nada além de um sopro.

Bela postagem.

Poemas del Alma disse...

Querido amigo, hermoso poema, te admiro Poeta.
Te dejo todo mi cariño y besos, que tengas un mes de Diciembre lleno de paz, amor y felicidad

Lucia disse...

Olá caro Jaime
Realmente um poema certeiro.
Chegam determinadas épocas do ano que é assim mesmo.
Muito bom caro amigo poeta.
Suave semana pra você.
Beijo!

Cidália Ferreira disse...

Uma partilha maravilhosa!!
.
A rapidez do tempo...
Beijos e uma ótima semana.

Ailime disse...

Boa noite Jaime,
À mesa do absurdo reunem-se muitos dos que estão a destruir o mundo, com as suas convenções cada vez mais indiferentes ao sofrimento da humanidade.
Gostei muito deste excelente poema, amigo Jaime.
Beijinhos e uma boa semana.
Emília

Silent Movie - ©Theda Bara disse...

Even introspection produces good results for poets. The noises of violence produce nothing.
(ꈍᴗꈍ) Poetic and cinematic greetings.

snobe casamang disse...

Absolutely wonderful, Bravo.
I loved so much when you wrote :
" confrontation does not defeat us, it frees us,
because we have the dimension of what we feel ".
Wish you a happy December my dear friend.

J.P. Alexander disse...

Profundo poema que te hace reflexionar sobre nuestros días. e mando un beso.

Os olhares da Gracinha! disse...

... e ao sentirmos... fazemos a diferença!
Boa semana Jaime 👏😘

Eduardo Medeiros disse...

Olá, poeta.
Somos movidos a ideias e teorias, foi assim que a civilização evoluiu (ou involuiu) dependendo da perspectiva que se vê.

abraços

Pedro Coimbra disse...

À beira do absurdo é a descrição perfeita dos dias que vivemos.
Abraço, boa semana

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

Bom dia JP

Este poema é uma reflexão instigante sobre a natureza humana e os paradoxos do pensamento. A partir de imagens poderosas e metáforas audazes, ele captura a grandiosidade de nossas esperanças, mesmo diante de nossa própria insignificância. A ambiguidade que permeia os versos, longe de enfraquecer a mensagem, enriquece o texto, desafiando o leitor a confrontar as fronteiras entre sonho e realidade, razão e absurdo. Um convite poético à introspecção e ao questionamento.
Gostei!
Boa semana com paz e saúde.
:)

Mariete Salema disse...

Vivemos num mundo onde só o verdadeiro amor não é absurdo. Resta saber, dentro do absurdo, se existe mesmo esse amor verdadeiro. A hipocrisia, composta de enorme absurdo, grassa pelo e, infelizmente, "governa" o mundo. Tão triste
Lindo e profundo o seu poema.
*
Boa semana
*

Olavo Marques disse...

Olá talentoso Jaime!

Eu fico absolutamente perplexo com tudo o que está a acontecer neste mundo que consegue-me surpreender sempre. O poema está magnifico. 👏

Abraços e uma ótima semana para si!

Anónimo disse...

No mundo, vestido de hipocrisia,em que vivemos os "vampiros" conspiram imbecilidade que nos levam só descalabro.
Sublime e melancólico poema!
Beijinho, Jaime.😘



melancólico

Mona Lisa disse...

O anónimo é Mona Lisa

Teresa Almeida disse...

Excelente poema de inconformidade e revolta, num mundo onde loucos e criminosos têm a força da destruição.
Abraço, amigo Jaime.

Pedro Luso de Carvalho disse...

Parabéns, caro Jaime, pela criação deste excelente poema, que gostei muito de ler.
Uma boa semana, com paz e saúde.
Um feliz mês de dezembro com muita criatividade poética.
Grande abraço!

Olinda Melo disse...

Olá, Jaime
Nas noites insones tentamos resolver os
problemas do mundo. E conseguimos.
Mas de manhã verificamos que tudo não
passou da nossa vontade de acreditar
em quimeras.
Um poema que nos acorda das nossas
letargias.
Um abraço
Olinda

lis disse...

Estamos continuamente assistinho o mundo desabar com as ideias de engravatados e supostos 'bondosos' criando uma destruição sem medida e assim caminhamos à mercê e quase resignados. Gostei, Jaime . Já dizia Che Guevara: "Se você é capaz de tremer de indignação a cada vez que se comete uma injustiça no mundo,então somos companheiros."
Grande abraço, amigo Jaime

Lucimar da Silva Moreira disse...

A mesa do absurdo temos que conviver com ela no mundo em que vivemos, é um absurdo muito grande, seu poema fez refletir, desejo um ótimo final de semana abraços Jaime.

Mário Margaride disse...

Olá, amigo Jaime
Passando por aqui, para desejar um feliz fim de semana!
Abraço amigo.

Mário Margaride

http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com

SOL da Esteva disse...

Insignificantes nas obras que deveriam ser comuns a todos. Insignificantes nos pobres pensamentos que, infelizmente, nem sequer têm laivos de serem construtivos.
Te saúdo e aplaudo, Jaime. Uma intervenção magnífica para o tempo que cruzamos agora.

Abraço,
SOL da Esteva

Fá menor disse...

Poema bem reflexivo. Por vezes temos-nos em grande conta e nem somos grandes nem grande coisa...
Que a humildade nos visite e não nos ponhamos acima do chão nem nele nos afundemos. Apenas pés bem assentes na terra.

Beijinhos e bom fim-de-semana!

Ana Tapadas disse...

"À mesa do absurdo
concebemos teorias"

Fantástico, meu amigo!
Vivemos num mundo à beira do abismo, meu caro.

Bom fim-de-semana.
Bj

Isa Sá disse...

Parabéns pela sua escrita.
Isabel Sá
Brilhos da Moda

JoAnna disse...

Poema absolutamente excelente! Eloquente e sábio! Muito obrigado, caro amigo, por estas palavras, envio-lhe muitas saudações! Desejo-lhe uma boa nova semana.

Betonicou disse...

Jaime, seu poema é profundamente introspectivo e evocativo. As noites de vigília parecem revelar uma grandeza paradoxal em nossa pequenez, e você descreve isso de forma brilhante. A maneira como você explora as ideias de absurdos e confrontos internos nos convida a uma profunda reflexão. Magnífico, caro amigo.

❦ Cléia Fialho ❦ disse...

Que profundidade neste texto, cheio de reflexões poderosas sobre o ser humano e suas contradições. Há uma beleza nesse conflito entre a grandeza e a pequenez, entre o ideal e o absurdo. A forma como se fala sobre as teorias, com tanta eloquência, mesmo sabendo que, no fim, são apenas “idiotices”, revela uma sabedoria rara. E a última frase é um alento: o confronto não nos derrota, ele nos liberta, pois ao reconhecermos o que sentimos, adquirimos a verdadeira liberdade. Cada palavra aqui é uma luz a iluminar o caminho da reflexão. 💫

AFAGOS POÉTICOS EM SEU 💗
🐾